Três pessoas foram detidas na Dinamarca e uma nos Países Baixos por serem suspeitas de estarem a preparar um ataque terrorista. Segundo a agência de notícias Reuters, que cita fonte das autoridades dinamarquesas, as detenções ocorreram no seguimento de um "esforço policial transfronteiriço coordenado".
"A investigação revelou que uma rede de pessoas estava a preparar um ato terrorista", afirmou o responsável do Serviço Dinamarquês de Segurança e Inteligência (PET), Flemming Drejer, numa conferência de imprensa em Copenhaga.
"As detenções e as rusgas que estamos a realizar hoje baseiam-se numa investigação intensiva que o PET levou a cabo em estreita cooperação com os nossos parceiros no estrangeiro", acrescentou.
Não são conhecidos ainda os motivos dos suspeitos ou se estão relacionados com algum grupo islâmico ou com grupos de extrema-direita.
Já de acordo com as autoridades neerlandesas, um homem de 57 anos foi detido, esta quinta-feira, em Roterdão, a pedido das autoridades alemãs.
Também a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, considerou a situação "extremamente séria", numa declaração divulgada em Bruxelas, onde a chefe de Governo se encontra para a cimeira da União Europeia.
"Isso mostra a situação em que estamos na Dinamarca. Infelizmente", afirmou.
A polícia dinamarquesa admitiu que vai aumentar a sua presença em Copenhaga, garantindo, no entanto, que a capital do país continua "a ser segura".
Já se passaram "vários anos desde que pudemos constatar que há pessoas que vivem na Dinamarca e que não nos desejam o bem, que estão contra a nossa democracia, a nossa liberdade e que estão contra a sociedade dinamarquesa", afirmou Mette Frederiksen à imprensa.
Os serviços de inteligência consideram a ameaça terrorista "crítica", colocando-a no nível quatro de um total de cinco.
A Dinamarca e a vizinha Suécia foram recentemente alvo de revolta por parte de países muçulmanos, quando cidadãos em ambos os países profanaram o Corão.
No Iraque, por exemplo, centenas de apoiantes do influente líder religioso Moqtada Sadr tentaram marchar em direção à embaixada dinamarquesa em Bagdade no final de julho.
Desde então, a Dinamarca legislou no sentido de proibir a queima do livro sagrado do Islão, argumentando que a medida visa proteger a segurança nacional.
Já em 2006, uma onda de violência antidinamarquesa alastrou-se pelo mundo muçulmano após a publicação de caricaturas de Maomé, levando a uma maior vigilância por parte dos serviços de inteligência e da polícia que, desde então, frustraram vários ataques planeados.
No entanto, Copenhaga foi alvo, em fevereiro de 2015, de um ataque 'jihadista', que pareceu inspirado nos ataques cometidos em Paris um mês antes contra o semanário Charlie Hebdo e a loja Hyper Cacher.
O autor deste ataque tinha como alvo um centro cultural onde decorria um debate sobre a liberdade de expressão e também a principal sinagoga da capital do país escandinavo, mas foi morto a tiro pela polícia.
Há um ano, a Justiça dinamarquesa condenou um simpatizante da organização Estado Islâmico a 16 anos de prisão por planear um ataque bombista, a pena mais pesada proferida na Dinamarca num caso abrangido pela legislação antiterrorismo.
O acusado declarou-se inocente, alegando que os 12 quilos de pólvora e produtos químicos encontrados escondidos na sua casa tinham como objetivo fazer fogos-de-artifício.
No início deste mês, a comissária de Assuntos Internos da União Europeia, Ylva Johansson, considerou que a Europa enfrenta um "enorme risco de ataques terroristas" durante o período de férias de Natal devido às consequências da guerra entre Israel e o grupo islamita Hamas.
Esta semana, os Países Baixos decidiram elevar o nível de ameaça terrorista para "substancial". Desde 2019 que o nível de ameaça não era tão elevado no país.
O Coordenador Nacional de Contraterrorismo e Segurança (NCTV) passou para 4, numa escala que vai até 5. A decisão prende-se com a guerra entre Israel e o Hamas.
[Notícia atualizada às 15h17]
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