"A adesão à Ucrânia à UE é uma má decisão. A Hungria não quer participar desta má decisão", escreveu Viktor Orbán, numa publicação na rede social Facebook, após o anúncio desta deliberação, que exigia unanimidade no Conselho Europeu.
Entretanto, fontes europeias indicaram que, quando os líderes europeus estavam a tomar esta decisão, que requereu unanimidade entre os 27, Viktor Orbán saiu da sala, embora tivesse conhecimento da votação.
Outras fontes europeias referiram que, no momento em que a decisão foi adotada, Orbán "se ausentou momentaneamente da sala de uma forma previamente acordada e construtiva".
"Temos estado em negociações há quase oito horas aqui em Bruxelas [...] e a posição da Hungria é clara: a Ucrânia não está preparada para começar as negociações sobre adesão à UE", indicou Viktor Orbán, no vídeo publicado no Facebook.
Para o chefe de governo húngaro, "esta decisão de começar negociações não tem qualquer sentido, é irracional e incorreta, com a Ucrânia nestas condições".
Apesar de vincar que "a Hungria não irá alterar a sua posição", Viktor Orbán salientou que "os outros 26 Estados-membros insistiram que esta decisão teria de ser tomada", razão pela qual Budapeste decidiu que estes países "deviam seguir o seu próprio caminho", sem a participação húngara.
O Conselho Europeu decidiu hoje abrir as negociações formais de adesão à UE com a Ucrânia e a Moldova, anunciou o presidente da instituição, falando num "sinal claro de esperança" para estes países.
"O Conselho Europeu decidiu abrir negociações de adesão com a Ucrânia e a Moldova", anunciou Charles Michel, numa publicação na rede social X (antigo Twitter), após horas de discussões entre os chefes de Governo e de Estado da UE, reunidos hoje em cimeira europeia, em Bruxelas, um encontro marcado pelas ameaças húngaras de veto a decisões como a agora conhecida.
Para o presidente do Conselho Europeu, este é "um sinal claro de esperança para os cidadãos destes países e para o continente" europeu.
A porta-voz de Charles Michel precisou depois à imprensa em Bruxelas que "o Conselho Europeu tomou uma decisão e ninguém a contestou", isto depois de a Hungria ter vindo a ameaçar vetar a decisão de abertura de negociações formais com a Ucrânia por preocupações relacionadas com a corrupção no país.
A Ucrânia tem estatuto de país candidato à UE desde meados de 2022.
A decisão de hoje, de abertura de negociações formais, surge depois de o executivo comunitário ter recomendado, em meados de novembro, que o Conselho avançasse face aos esforços feitos por Kiev para cumprir requisitos sobre democracia, Estado de direito, direitos humanos e respeito e a proteção das minorias, embora impondo condições como o combate à corrupção.
Bruxelas vincou que a Ucrânia tem de fazer progressos que serão avaliados num relatório a publicar em março de 2024.
O alargamento é o processo pelo qual os Estados aderem à UE, após preencherem requisitos ao nível político e económico.
[Notícia atualizada às 19h31]
Leia Também: Ucrânia? Orbán diz que verba libertada por Bruxelas não implica acordo