"Isto é muito importante [porque] queremos apoiar a Ucrânia. Este é um sinal político muito forte e uma decisão política muito forte e penso que hoje isto mostra às pessoas da Ucrânia que estamos do lado delas", reagiu Charles Michel, falando à imprensa europeia na cimeira que decorre em Bruxelas.
"Esta decisão tomada pelos Estados-membros é muito importante para a credibilidade da União Europeia [UE]", acrescentou.
Questionado sobre a necessária unanimidade para tomar esta decisão, após várias semanas de ameaça húngara de veto, Charles Michel justificou: "Trabalhámos muito para preparar este Conselho Europeu e era importante que nenhum Estado-membro se opusesse à decisão e é por isso que estamos em posição de fazer este anúncio hoje".
"Continuamos a trabalhar porque ainda estamos a trabalhar no que toca ao Quadro Financeiro Plurianual e este será um tópico difícil, [mas] estou confiante de que, nas próximas horas, conseguiremos tomar uma decisão e ter unidade nessa decisão", comparou, aludindo ao outro grande tema em cima da mesa nesta cimeira europeia, a revisão do orçamento a longo prazo da UE, com uma reserva financeira de 50 mil milhões de euros para a Ucrânia.
"Queremos continuar a apoiar a Ucrânia com mais assistência financeira, mas também [temos de] ter em conta as prioridades da UE para adaptar o seu Quadro Financeiro Plurianual", adiantou Charles Michel.
Os chefes de Governo e de Estado da UE decidiram hoje abrir as negociações formais de adesão com a Ucrânia e a Moldova, anunciou o presidente do Conselho Europeu, falando num "sinal claro de esperança" para estes países.
A porta-voz de Charles Michel precisou depois à imprensa em Bruxelas que "o Conselho Europeu tomou uma decisão e ninguém a contestou", isto depois de a Hungria ter vindo a ameaçar vetar a decisão de abertura de negociações formais com a Ucrânia por preocupações relacionadas com a corrupção no país.
Entretanto, fontes europeias indicaram que, quando os líderes europeus estavam a tomar esta decisão, Viktor Orbán saiu da sala, embora tivesse conhecimento da votação.
Outras fontes europeias referiram que, no momento em que a decisão foi adotada, Viktor Orbán "se ausentou momentaneamente da sala de uma forma previamente acordada e construtiva".
Já Viktor Orbán reagiu na rede social Twitter dizendo que "a adesão à Ucrânia à UE é uma má decisão".
"A Hungria não quer participar desta má decisão", adiantou.
A Ucrânia e a Moldova têm estatuto de países candidatos à UE desde meados de 2022.
A decisão de hoje, de abertura de negociações formais, surge depois de o executivo comunitário ter recomendado, em meados de novembro, que o Conselho avance face aos esforços feitos por Kiev para cumprir requisitos sobre democracia, Estado de direito, direitos humanos e respeito e a proteção das minorias, embora impondo condições como o combate à corrupção.
Bruxelas vincou que a Ucrânia, que obteve estatuto de país candidato em meados de 2022, tem de fazer progressos que serão avaliados num relatório a publicar em março de 2024.
O alargamento é o processo pelo qual os Estados aderem à UE, após preencherem requisitos ao nível político e económico.
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