"O Conselho adotou hoje um 12.º pacote de medidas restritivas económicas e individuais, tendo em conta a continuação da guerra de agressão russa contra a Ucrânia. Estas medidas constituem um novo golpe para a capacidade de [Presidente russo, Vladimir] Putin para fazer a guerra, uma vez que visam setores de elevado valor da economia russa e tornam mais difícil contornar as sanções da UE", indica a presidência espanhola da União em comunicado.
Fontes europeias indicaram à agência Lusa que o Conselho deu hoje 'luz verde' a este novo pacote de medidas restritivas, que inclui novos limites às exportações russas, como de diamantes, bem como novas listas de entidades e pessoas visadas, após vários dias de bloqueio por parte da Áustria.
A Áustria contestava a inclusão pela Ucrânia do banco austríaco Raiffeisen Bank na lista de entidades sancionadas, razão pela qual estava a impedir a adoção deste 12.º pacote de sanções, posição que agora alterou, de acordo com as mesmas fontes comunitárias.
Em meados de novembro, a Comissão Europeia avançou com novas sanções à Rússia que incluíam "a adoção de novas proibições de importação e exportação, bem como de medidas destinadas a reforçar o limite máximo do preço do petróleo e a combater a evasão às sanções da UE", segundo foi divulgado na altura.
Neste novo pacote está incluída uma proibição a partir de 01 janeiro de 2024 de importação, compra ou transferência, direta ou indireta, de "diamantes originários da Rússia, diamantes exportados da Rússia, diamantes em trânsito na Rússia e diamantes russos transformados em países terceiros", de acordo com a informação hoje publicada.
Os diamantes russos são importantes para a economia do país já que a sua exportação (principalmente para países europeus como Bélgica) vale quase cinco mil milhões de dólares (cerca de 4,6 mil milhões de euros, ao câmbio atual).
Ao mesmo tempo, com a decisão de hoje, é alargada a lista de produtos sujeitos a restrições, passando a incluir produtos químicos, baterias de lítio, termóstatos, motores de corrente contínua e servomotores para veículos aéreos não tripulados ('drones'), máquinas-ferramentas e peças de máquinas.
É ainda reforçada a proibição já em vigor de importação de petróleo bruto transportado por mar e de determinados produtos petrolíferos da Rússia para a UE e o seu teto máximo.
Além disso, com as novas medidas restritivas, passarão a ser abrangidas mais de 120 pessoas e entidades, entre as quais mais 29 entidades que "apoiam diretamente o complexo militar e industrial da Rússia".
Entretanto, na passada terça-feira, a Comissão Europeia propôs uma iniciativa para identificar os recursos relacionados com ativos soberanos russos congelados devido às sanções da UE, com vista a poderem ser utilizados para a reconstrução da Ucrânia.
Em entrevista à agência Lusa, divulgada em meados de dezembro, o presidente do Eurogrupo, Paschal Donohoe, disse ser "muito importante que a consideração tenha lugar num contexto internacional", nomeadamente no G7 (as sete maiores economias mundiais mais a UE), defendendo uma "análise cuidadosa".
A posição surge numa altura em que os 27 Estados-membros da UE (principalmente a Bélgica) já congelaram mais de 200 mil milhões de euros em ativos do banco central russo devido à política de sanções.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Os aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido armas a Kyiv e aprovado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.
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