Segundo Batista Correia, da diretoria do Sul da PJ, o sequestro gorado em Setúbal, no qual foi roubado o veículo da vítima, permitiu depois localizar a viatura e deter os homens que já tinham sequestrado o empresário octogenário em Almancil, no Algarve.
Aquele responsável participou hoje, em Barcelona (Espanha), numa conferência de imprensa conjunta com elementos da polícia catalã Mossos d'Esquadra e da Polícia Nacional Espanhola.
O inspetor enalteceu "a cooperação efetiva, permanente e diária" entre a PJ e os órgãos policiais espanhóis, sem a qual "o resultado teria sido completamente diferente para pior", porque "não se teria conseguido identificar os autores e deter os suspeitos".
A PJ começou a investigação no dia 25 de agosto, quando o empresário português é raptado e sequestrado na zona de Almancil, no Algarve, por três suspeitos encapuzados e com recurso a arma de fogo, tendo o filho denunciado depois que o pai estava desaparecido.
"Feitas as comunicações normais nestes casos de desaparecimento da vítima e da viatura em causa, foi logo recebido um contacto, passadas poucas horas, por parte dos Mossos d'Esquadra de Barcelona, a dizer que tinham localizado a vítima, depois de se ter libertado de ter estado atada a uma árvore", contou o inspetor português.
Batista Correia explicou que os investigadores sabiam que os suspeitos se expressavam em português do Brasil e demonstravam "uma forte mobilidade", e constataram que os cerca de 100.000 euros subtraídos à vítima "foram desviados" para contas de Portugal, Espanha, Bélgica, França e Lituânia, dificultando o trabalho policial.
Estavam divididos "em dois grandes grupos", um operacional, composto "por três indivíduos, que seriam os autores materiais dos raptos em Portugal", e outro dedicado "ao branqueamento e dissolução dos proventos", assinalou.
"Ao identificarmos esta vertente da organização, e quando nos preparávamos para, de forma conjunta e articulada, fazer uma operação com vista a deter os autores, que na sua grande maioria residiam no Sul de Espanha, fomos surpreendidos com uma outra tentativa de rapto, em Setúbal, a cerca de 50 quilómetros de Lisboa, de uma mulher jovem, que quando estava a chegar a casa é abordada por três sequestradores", contou.
As equipas de investigação perceberam que "se tratava do mesmo grupo, porque o tipo de veículo era o mesmo", a vítima tinha "muita capacidade financeira" e os autores "eram igualmente três indivíduos brasileiros", embora desta vez tivessem atuado de cara descoberta.
Entre as semelhanças esteve também o recurso a uma arma de fogo para "pôr a vítima jovem dentro do carro", mas a reação "imediata" da mulher, aliada a "uma descoordenação" entre os suspeitos e "o alvoroço que foi criado na altura", levou a que "os três sequestradores fugissem com o carro da vítima".
"O carro da vítima tinha um GPS e houve imediatamente um contacto direto com as autoridades espanholas, que permitiu que a viatura fosse identificada e parte dos autores fossem detidos em Torremolinos, pelo Cuerpo Nacional de Polícia, nesse mesmo dia", frisou.
No dia seguinte, os três corpos policiais realizaram buscas domiciliárias no Sul de Espanha e também em Portugal, e detiveram os autores" do branqueamento do dinheiro, referiu, acrescentando que só um deles foi identificado em Portugal.
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