Ucrânia pode aderir à União Europeia dentro de 10 a 15 anos

A Ucrânia poderá integrar a União Europeia (UE) dentro de 10 a 15 anos, desde que se aplique no processo de reformas exigido por Bruxelas, disse à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Pavlo Klimkin.

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Lusa
10/07/2014 07:00 ‧ 10/07/2014 por Lusa

Mundo

Pavlo Klimkin

"Penso que se dermos o máximo para avançar no nosso processo de reformas, para aplicar as nossas reformas, vamos tornar a Ucrânia num membro da UE a médio prazo, dentro de 10 a 15 anos", disse o ministro, contactado telefonicamente pela agência Lusa para Kiev.

Klimkin, que se declarou "um entusiasta da integração europeia", chefiou as negociações da Ucrânia para a assinatura do Acordo de Associação com a UE, concretizada a 27 de junho, depois de a recusa do ex-presidente ucraniano Viktor Ianukovich em fazê-lo ter desencadeado a grave crise política no país.

Questionado, assegurou que a ideia de aderir à UE é "consensual" na Ucrânia -- "na sociedade, na classe política, excluindo o partido comunista, e na comunidade empresarial" -- e que, independentemente de todas as sondagens, "dois terços dos ucranianos são sempre favoráveis à integração europeia".

Em relação aos principais desafios do processo de reformas, Klimkin admitiu serem vários, apontando concretamente "a aproximação da legislação ao 'acquis' comunitário, a reforma judicial, a luta contra a corrupção e a criação um clima de negócios favorável na Ucrânia com base nas normas e padrões europeus".

"Estes são os desafios-chave mas também a guerra não-declarada no leste", acrescentou.

Klimkin falou ainda do futuro da península da Crimeia, anexada pela Rússia em março, afirmando: "A Crimeia é ucraniana e vai regressar à Ucrânia".

Para o ministro, os planos económicos da Rússia para aquele território, que incluem a construção de uma ponte de mais de dois milhões de euros e uma baixa de impostos para atrair investimento, não vão dar frutos.

"Setenta por cento das pessoas dependem do turismo. São estatísticas, mas todos os anos havia dois milhões de turistas russos e quatro milhões de turistas ucranianos a visitar a Crimeia. Agora sofrem com as perdas económicas (...) É difícil imaginar que alguém vá investir agora na Crimeia", considerou.

Questionado sobre que tipo de medidas político-diplomáticas prevê o governo de Kiev tomar para recuperar a península, Klimkin referiu a queixa já feita ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos e a outros tribunais, assegurando que há todo um roteiro nessa matéria, mas escusando-se a dar pormenores, nomeadamente sobre um eventual recurso à ONU.

"Temos um plano, um roteiro de medidas, alguns já estão em execução, como uma série de queixas judiciais contra a Rússia. Mas isto é só o princípio. Temos todo um plano, mas não queria avançar para já", disse.

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