Ex-PM albanês Sali Berisha em prisão domiciliária por alegada corrupção
Um tribunal albanês ordenou hoje a prisão domiciliária do antigo primeiro-ministro Sali Berisha, líder do Partido Democrata, atualmente na oposição, e que está a ser investigado por corrupção.
© Olsi Shehu/Anadolu via Getty Images
Mundo Albânia
A juíza Irena Gjoka, do Tribunal Especial de Primeira Instância para Corrupção e Crime Organizado, que julga casos que envolvem detentores de altos cargos públicos e políticos, admitiu hoje o requerimento do Ministério Público para colocar o ex-governante em prisão domiciliária, depois de Berisha ter falhado a apresentação periódica quinzenal a que estava sujeito.
O antigo primeiro-ministro estava também proibido de viajar para o estrangeiro.
O advogado do antigo primeiro-ministro, Genc Gjokutaj, disse que o tribunal decretou uma nova restrição a Berisha, de 79 anos, que está agora impedido de comunicar com terceiros à exceção dos familiares com quem viva, tendo o advogado dito que irá recorrer da decisão.
Segundo os advogados de Berisha, não foram apresentadas novas provas nem feitas novas acusações que justifiquem as alterações decretadas ou o pedido de prisão domiciliária apresentado pelos procuradores: "Nenhum dos critérios legais exigidos para impor ou agravar as medidas de coação está reunido neste caso".
Os media albaneses reportaram a chegada da polícia ao bloco de apartamentos onde Berisha reside na baixa de Tirana, tendo o antigo primeiro-ministro reagido, via Facebook, afirmando que vai "continuar a trabalhar e a lutar a cada minuto, de todas as formas, para restaurar a democracia".
Na semana passada o parlamento albanês votou a retirada da imunidade legal a Berisha, tendo os deputados leais ao antigo primeiro-ministro tentado boicotar a votação.
Berisha criticou a investigação de que é alvo e classificou a sua detenção como repressão política ordenada pelo primeiro-ministro em funções Edi Rama, tendo deixado o aviso para "protestos poderosos".
Privar Sali Berisha do direito de comunicação pode tornar-se uma questão política mais ampla, por se tratar do líder do principal partido da oposição.
Numa conferência de imprensa convocada após ser conhecida a decisão judicial de hoje, um dirigido do Partido Democrata, Luciano Boci, apelou aos albaneses para que continuem a batalha de "hoje ou nunca" pela "restauração do pluralismo político e o merecido castigo de Edi Rama".
Em outubro, o Ministério Público colocou Berisha sob investigação por alegadamente ter abusado da sua posição para ajudar o seu genro, Jamarber Malltezi, a privatizar terrenos públicos para construir 17 blocos de apartamentos.
O Ministério Público ainda não apresentou uma acusação formal em tribunal e Berisha continua, na prática, sob investigação.
Edi Rama rejeitou comentar a decisão do tribunal que colocou Berisha em prisão domiciliária, mas disse que "a detenção de qualquer pessoa de qualquer partido político nunca é uma vitória de qualquer partido".
"Os partidos vencem eleições para fazer avançar o pais e não são organizações militares que atuam para eliminar os oponentes", disse Rama.
Berisha foi primeiro-ministro da Albânia entre 2005 e 2013 e presidente do país entre 1992 e 1997. Foi reeleito deputado pelo Partido Democrata em 2021, nas eleições legislativas.
Os EUA, em maio de 2021, e o Reino Unido, em julho de 2022, barraram Berisha e familiares próximos de entrar nestes países pelo alegado envolvimento em corrupção.
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