As autoridades libaneses avançaram esta tarde com a morte do número 2 do Hamas, Saleh al-Arouri, um alto dirigente do grupo palestiniano que governa a Faixa de Gaza, na sequência de um ataque israelita com um drone num subúrbio de Beirute. A morte foi entretanto confirmada pelo próprio grupo.
O ataque a Saleh al-Arouri está a ser considerado como uma vitória pelas forças defensivas israelitas (IDF, na sigla em inglês), que continua 'à caça' de principais figuras no Hamas enquanto procura manter o bombardeamento indiscriminado sobre a Faixa de Gaza e o povo palestiniano que lá vive, sob condições cada vez mais precárias.
Al-Arouri fazia parte da direção política do Hamas desde 2019, depois de se juntar ao grupo em 1987, tendo assumido o atual papel de liderança como 'número 2' a partir de outubro de 2017.
Segundo uma biografia publicada pelo The Guardian, citando o site 'Mapping Palestinian Politics', o militante nasceu em 1967 em Aroura, na Cisjordânia ocupada, tendo liderado um movimento islâmico estudantil antes de ajudar a criar a ala militar do Hamas nos territórios palestinianos ocupados pelo estado de Israel.
Al-Arouri foi detido várias vezes pelas forças israelitas, incluindo durante longos períodos da sua vida, desde 1985 a 1992 e entre 1992 e 2007.
Em 2010, o homem foi deportado de Israel para a Síria, onde viveu durante três anos, partindo depois para a Turquia. Sahed al-Arouri estava baseado no Líbano há algum tempo e o ataque israelita no subúrbio de Beirute já causou fortes protestos contra as ações militares de Telavive no Líbano.
BREAKING: LEBANON MARCH CONDEMNING THE ASSASSINATION OF SALEH AL AROURI.
— Palestine Now (@PalestineNW) January 2, 2024
A march in the Beddawi camp in Lebanon condemning the assassination of Sheikh Saleh Al-Arouri. pic.twitter.com/BjEmoSzfgf
A sua maior participação para a situação política palestiniana ocorreu em 2017, quando liderou a equipa do Hamas nas negociações de reconciliação com a Fatah, o grupo político rival do Hamas, que governa a Autoridade Palestiniana e que tem administração sobre a Cisjordânia ocupada (embora o estado israelita impeça, através de uma forte ocupação, que as autoridades palestinianas giram o seu território livremente). O Hamas expulsou a Fatah da Faixa de Gaza em 2007, mantendo-se como o único grupo político no enclave.
As negociações de 2017 acabaram por levar à libertação de um soldado israelita capturado em 2011 pelo Hamas, Gilad Shalit, em troca da libertação de 1.027 prisioneiros palestinianos detidos pelos israelitas.
O Times of Israel, um jornal afeto ao regime israelita e conhecido por promover várias figuras que apoiam o movimento sionista israelita, acrescentou que as forças especiais de Telavive acreditam que Al-Arouri fez parte de um plano em 2014 que culminou com o rapto e mote de três adolescentes israelitas.
Desde o início dos bombardeamentos israelitas no enclave palestiniano que o Hezbollah tem retaliado contra as forças de Israel. Já os israelitas evacuaram milhares de casas junto à fronteira norte com o Líbano e tem atacado diariamente a região, provocando já mais de 100 mortes de militantes do Hezbollah e dezenas de mortos civis, incluindo crianças e vários jornalistas destacados para cobrir o conflito na zona.
Várias autoridades internacionais, especialmente no Líbano, têm alertado para o enorme risco de a situação se espalhar para o resto do país e do Médio Oriente devido à ofensiva israelita na Faixa de Gaza, que já matou mais de 22 mil palestinianos e arrasou por completo o território palestiniano.
A única pausa nas hostilidades ocorreu durante o cessar-fogo de quase uma semana entre o Hamas e Israel, que também foi obedecido pelo Hezbollah.
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