"Estamos expectantes que esta visita do diretor-geral da OMS possa trazer a resposta à candidatura" de Cabo Verde à certificação, referiu a governante, confiante que o desfecho dependa apenas de uma questão de tempo.
"Estamos na reta final, falta só o anúncio", referiu, ao explicar que Cabo Verde cumpriu "um plano estratégico entre 2020 e 2024", com diferentes visitas de equipas técnicas.
A última etapa foi "a visita de uma equipa independente com especialistas de todos os continentes". "Fomos avaliados e a recomendação final foi no sentido da certificação de Cabo Verde", disse à Lusa.
Filomena Gonçalves atribui o resultado à criação no país de laboratórios de qualidade, formação de recursos humanos e reforço da vigilância epidemiológica.
"Estamos confinados numa região onde a malária é endémica e faz com que tenhamos vigilância apertada. Mas há seis anos que não temos casos de malária autóctone e isso mostra que este é o caminho", destacou.
Há ligações diárias com países africanos onde a malária prevalece e, por isso, há também protocolos em prática: "quem der positivo para malária, terá acompanhamento médico, assim como familiares e vizinhos", havendo inclusive "procedimentos para desinfeção da casa e arredores" por forma a eliminar os mosquitos portadores da doença.
"O nosso sucesso deve-se à aplicação dos protocolos da OMS", referiu.
Seguir-se-á um trabalho contínuo para manter o estatuto, existindo já "um plano de manutenção, que delineia todos os passos" a dar pelas autoridades.
Um dos pontos fundamentais consistirá em investir "em vigilância, de forma cada vez mais forte e sistémica, apostar nos recursos humanos, nas infraestruturas de saúde e medidas de sensibilização", a par de um reforço de parceria com a sub-região africana.
"Só iremos manter [a certificação] se trabalharmos com todos os parceiros", sublinhou Filomena Gonçalves.
A partir do momento em que a certificação seja anunciada, "a primeira alteração" estará visível "nos 'sites' turísticos em que Cabo Verde deixará de ter um pontinho vermelho", em que se recomenda um antipalúdico a quem visita o país, referiu a ministra da Saúde.
Os medicamentos de prevenção da malária "têm efeitos em doentes crónicos" e a alteração servirá para "abrir mais portas em termos de destino turístico".
Além desse efeito, o próprio país deverá estar "mais motivado para continuar a trabalhar" em prol da segurança sanitária, uma vez que se trata de um reconhecimento mundial, num contexto pós-pandémico.
A própria visita de Tedros Ghebreyesus é vista como o reconhecimento do esforço da nação, liderando diversos indicadores ao nível do continente, apesar das limitações impostas pela insularidade.
O líder da OMS chega hoje à cidade da Praia, capital de Cabo Verde, com a parte principal do programa na sexta-feira.
Leia Também: Diretor-geral da Organização Mundial de Saúde visita Cabo Verde