"Vamos definitivamente manter uma relação sólida entre Taiwan e os Estados Unidos e, nessa base, estamos abertos a estabelecer comunicações com a China", disse o candidato, em conferência de imprensa com órgãos de comunicação estrangeiros.
Segundo a agência noticiosa estatal CNA, Ko manifestou a sua vontade de trabalhar com a China sempre que surjam oportunidades de cooperação, sublinhando ao mesmo tempo que a comunicação com Pequim deve basear-se numa posição "não negociável" sobre a preservação do sistema político e da democracia da ilha.
O candidato reiterou que "Taiwan deve ter a capacidade de se proteger" e, por isso, deve dar prioridade à "dissuasão e à comunicação", os pilares da sua política para desanuviar a tensão entre os dois lados do Estreito de Taiwan.
"Se chegarmos a um confronto militar, Taiwan não vai estar à altura do continente (...). No entanto, Taiwan deve deixar bem claro à China que, se decidir entrar num conflito, vai ter de pagar um preço elevado", afirmou.
De acordo com as últimas sondagens, o antigo presidente da Câmara de Taipé (2014-2022) está em terceiro lugar na corrida presidencial, logo atrás dos candidatos do Kuomintang (KMT), na oposição, Hou Yu-ih, e do Partido Democrático Progressista (DPP), no poder, William Lai (Lai Ching-te).
Nestes meses de campanha, Ko tem-se apresentado como uma espécie de tecnocrata irreverente e provocador que dá prioridade às questões de política interna, como os baixos salários ou os problemas de acesso à habitação, em detrimento das relações entre a China e Taiwan, onde se tem mostrado favorável à manutenção do atual "status quo".
A proposta de Ko em relação à China consiste em aumentar as capacidades de dissuasão da ilha, através de um reforço do orçamento da Defesa, de 2,5 para 3% do PIB (produto interno bruto), e retomar a comunicação com Pequim através do reconhecimento e do respeito mútuos, uma abordagem mais próxima da do KMT do que da do DPP.
Mais de 19 milhões de taiwaneses estão aptos a votar nas eleições do próximo sábado, num contexto de agravamento das relações entre Pequim e Taipé.
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