"Estou aterrorizado pelas 5.500 grávidas que darão à luz em Gaza"

O representante da Palestina no Fundo das Nações Unidas para a População (UNPF) manifestou-se sexta-feira aterrorizado com os milhares de mulheres que deverão dar à luz no próximo mês em hospitais de Gaza, que estão sobrecarregados devido à guerra.

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Lusa
13/01/2024 07:15 ‧ 13/01/2024 por Lusa

Mundo

Dominic Allen

"Estou aterrorizado pelos milhões de mulheres e meninas que vivem em Gaza e pelas 5.500 mulheres grávidas que darão à luz no próximo mês", realçou Dominic Allen, durante uma conferência de imprensa na sede da ONU, em Nova Iorque.

Segundo o britânico, este número indica que haverá 180 nascimentos por dia em fevereiro, numa altura em que cerca de 15 dos 36 hospitais da região estão apenas "parcialmente funcionais" e estão de tal forma sobrecarregados que não conseguem cuidar adequadamente das mães que acabaram de dar à luz ou estão prestes a dar à luz.

"Se as bombas, a fome e a desidratação não as matarem, morrerão no parto", alertou, em referência à guerra que decorre no enclave entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas.

Durante a sua estadia em Gaza, Allen visitou o hospital dos Emirados, onde decorrem "70 ou 80 partos" todos os dias e onde, após o parto, as mulheres podem ficar apenas algumas horas, devido ao elevado número de mulheres grávidas à espera para dar à luz.

"Após o parto, a mulher tem apenas algumas horas antes de receber alta. Há muito poucos cuidados pós-parto, nem para a mãe nem para o bebé", salientou.

Estes cuidados de saúde deficientes afetam os recém-nascidos, e Allen sublinhou que, segundo os médicos dos hospitais de Gaza, "há taxas mais elevadas de desnutrição em bebés com peso inferior à média".

"Isto indica que há desafios no último trimestre da gravidez e nos primeiros momentos de vida, que são sempre os mais valiosos e ao mesmo tempo os mais decisivos para salvar vidas", acrescentou.

Na conferência de imprensa, Allen expressou que a situação em Gaza "ultrapassa qualquer pesadelo" e garantiu que, desde a sua viagem, não deixou de pensar na situação das mães palestinianas que darão à luz nos seus hospitais.

O conflito em curso entre Israel e o Hamas, que desde 2007 governa na Faixa de Gaza, foi desencadeado pelo ataque em território israelita em 07 de outubro pelo movimento islamita palestiniano, considerado terrorista por Estados Unidos, União Europeia e diversos países.

Nesse dia, cerca de 1.200 pessoas foram mortas, na sua maioria civis e também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que mais de 100 permanecem na Faixa de Gaza.

Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o Hamas, bombardeia desde 07 de outubro a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas mais de 23.000 pessoas -- incluindo perto de 9.000 crianças e adolescentes e 6.000 mulheres, 70% do total de vítimas mortais -- e feridas mais de 59 mil, também maioritariamente civis.

Leia Também: ONU pede "medidas urgentes" para acabar com guerra em Gaza

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