Em comunicado conjunto, os responsáveis do Programa Alimentar Mundial (PAM), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) sublinharam que à "medida que o risco de fome aumenta e mais pessoas estão expostas a surtos de doenças mortais, é urgentemente necessária uma mudança fundamental no fluxo da ajuda humanitária para Gaza".
Na nota informativa, os responsáveis das três agências do sistema das Nações Unidas traçam as medidas necessárias para que os bens essenciais cheguem à Faixa de Gaza: abertura de novas rotas de entrada, aumento do número de camiões autorizados a entrar diariamente pelos controlos fronteiriços, menos restrições à circulação de trabalhadores de organizações humanitárias e garantias de segurança para as pessoas que distribuem ajuda.
As agências defenderam ainda a "extrema necessidade" de Israel autorizar a utilização de um porto perto da Faixa de Gaza e pontos de passagem de fronteira no norte, exemplificando o acesso ao porto de Ashdod, a cerca de 40 quilómetros a norte do território.
Tal medida iria possibilitar, segundo frisaram, o "envio de quantidades significativamente maiores de ajuda e o seu transporte direto em camião para as regiões gravemente afetadas".
"Sem a capacidade de produzir ou importar comida, toda a população de Gaza depende de ajuda para sobreviver, mas a ajuda humanitária, por si só, não pode satisfazer as necessidades essenciais" daquela população, destacaram as agências, acrescentando que a quantidade de apoio distribuído, processo realizado em "extraordinárias dificuldades", tem ficado "muito aquém do que é necessário".
A situação "é particularmente grave" em termos de escassez de alimentos, água potável e assistência médica nas zonas do norte da Faixa de Gaza, sublinharam ainda.
Citando dados sobre segurança alimentar e nutrição, o comunicado conjunto referiu também que muitos adultos passam fome para que as crianças possam comer, com a UNICEF a antever que aumente em quase 30% o risco da mais grave forma de desnutrição infantil, afetando mais de 10 mil crianças.
A 07 de outubro, combatentes do Hamas -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.139 mortos, na maioria civis, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas, e mais de 200 reféns.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que entretanto se estendeu ao sul.
A guerra entre Israel e o Hamas fez até agora na Faixa de Gaza mais de 24 mil mortos e mais de 59 mil feridos, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais, e cerca de 1,9 milhões de deslocados (cerca de 85% da população), segundo a ONU, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária.
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