O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, considerou, em entrevista à Universidade de Coimbra, que o mundo não só "não estava preparado" para a "próxima pandemia", como "continua a não estar".
"O mundo não estava preparado, e continua a não estar preparado para a próxima pandemia. Mas podemos estar se tomarmos medidas, incluindo o reforço da colaboração e da cooperação a nível mundial, com base na equidade, investindo na preparação, prevenção e resposta a pandemias”, disse, em declarações à newsletter VoiceMED, da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC).
O responsável, que foi agraciado em 2023 com o grau de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Coimbra, realçou também a importância de se aprender com a pandemia e de se fortalecer a preparação global para futuras crises de saúde, nomeadamente através de um acordo internacional sobre pandemias, cuja proposta será discutida na Assembleia Mundial da Saúde, em maio de 2024. Tedros Adhanom Ghebreyesus confessou, contudo, que não esperava ter de ativar o alerta mais elevado da OMS durante o seu mandato.
“Não esperava declarar o nível de alarme mais elevado da OMS durante o meu mandato como diretor-geral. Antes da Covid-19 ter tomado conta do mundo, afirmei que uma potencial pandemia de um agente patogénico respiratório era o que me mantinha acordado à noite”, admitiu.
E complementou: “Os países de todo o mundo estão a tomar uma iniciativa histórica para desenvolver e adotar um acordo jurídico internacional destinado a evitar uma repetição da Covid-19, num esforço e uma oportunidade verdadeiramente geracionais para proteger milhões de pessoas do sofrimento e das perturbações que já vimos que as pandemias são capazes de provocar.”
Doutorado em Saúde Comunitária pela Universidade de Nottingham, o responsável refletiu também sobre os últimos seis anos na liderança da OMS, que resultaram em iniciativas como o reforço do Programa de Emergências da OMS, a criação do Centro de Informação sobre Pandemias e Epidemias da OMS em Berlim, e numa nova estratégia de financiamento sustentável.
“A necessidade de equidade, saúde pública e saúde comunitária tornou-se a missão da minha vida. Testemunhei no meu país [Etiópia], e noutros, como soluções simples de saúde pública podem resolver muitas ameaças à saúde”, garantiu.
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