"As prisioneiras políticas [na prisão] de Evin iniciarão juntas uma greve de fome de um dia em protesto contra as recentes execuções e pela suspensão das execuções", disse Mohammadi num comunicado distribuído pela família na rede social Instagram.
A vencedora do Prémio Nobel da Paz de 2023 afirmou que o enforcamento de um jovem iraniano, numa referência a Mohamed Ghobadlou, provocou "uma onda de raiva e protesto na sociedade".
A ativista, que cumpre uma pena de 10 anos na prisão de Evin em Teerão desde novembro de 2021 e que já fez outras greves de fome, apelou a outros cidadãos para que se juntassem ao protesto, pedido que foi acolhido por outras figuras que se opõem à República Islâmica.
Entre as várias dezenas de mulheres que se juntaram à greve de fome de um dia constam a iraniano-britânica Nazanin Zaghari-Ratcliffe, que passou vários anos presa em Evin, e a ativista Atena Daemi, segundo indicou o mesmo comunicado.
"Junto-me às 61 mulheres presas políticas que estão dispostas a entrar em greve de fome para protestar contra a execução de Mohamed Ghobadlou e de outros manifestantes no Irão", declarou, por sua vez, na rede social X (antigo Twitter) a ativista Masih Alinejad, que é muito crítica da teocracia iraniana e fundou vários movimentos contra o uso obrigatório do véu islâmico para as mulheres no Irão.
Ghobadadlou, de 23 anos, foi executado na terça-feira por alegadamente ter matado um polícia e ferido outros cinco durante os protestos contra a morte da jovem curda iraniana Mahsa Amini em setembro de 2022, que estava sob custódia policial por alegado uso indevido do 'hijab' (véu islâmico).
A Amnistia Internacional disse que o jovem sofria de "deficiência mental de longa duração" e denunciou que foi condenado num "julgamento falso, marcado por confissões extraídas sob tortura".
O enforcamento de Ghobadlou eleva para oito o número de pessoas executadas por alegados crimes relacionados com os protestos desencadeados pela morte de Mahsa Amini, um dos quais em público.
A morte de Mahsa Amini desencadeou fortes protestos que, durante meses, apelaram ao fim do regime de Teerão e que só abrandaram após uma repressão que provocou 500 mortos e a detenção de pelo menos 22.000 pessoas.
Em 2022, o Irão foi o país que mais aplicou a pena de morte, com 576 execuções, um aumento substancial em relação às 314 do ano anterior, segundo a Amnistia Internacional.
Grupos de defesa dos direitos humanos denunciaram a execução de até 800 pessoas no país em 2023, a maioria das quais por crimes relacionados com o tráfico e a posse de droga.
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