O avião despenhou-se na quarta-feira perto da aldeia russa de Yablonovo, a 45 quilómetros da fronteira com a Ucrânia, na região de Belgorod, matando os 74 ocupantes, segundo as autoridades russas.
"Os serviços secretos do exército ucraniano sabiam que levávamos 65 militares [ucranianos] a bordo. Abateram-no, por engano ou deliberadamente, mas fizeram-no", afirmou Putin, sem apresentar provas da acusação.
As declarações de Putin surgem pouco depois de a Direção Principal de Informações da Ucrânia ter sublinhado que as autoridades russas não forneceram previamente quaisquer informações ao Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) sobre alegados prisioneiros a bordo do avião que caiu em Belgorod.
Segundo o porta-voz das informações ucranianas, Andri Yusov, as autoridades russas deveriam ter informado o CICV sobre a identidade e o estado de saúde dos prisioneiros que supostamente seriam trocados.
Yusov acrescentou que o incidente está rodeado de "circunstâncias misteriosas".
A Rússia já tinha acusado diretamente as Forças Armadas ucranianas, alegando ter encontrado restos de um míssil antiaéreo que derrubou a aeronave.
Moscovo assegurou que o avião transportava prisioneiros de guerra ucranianos com destino a uma troca combinada anteriormente, o que é desmentido pelas autoridades ucranianas.
Kyiv acredita que o avião não transportava prisioneiros de guerra, mas sim mísseis.
Segundo Yusov, a aeronave também deveria transportar diversas figuras relevantes da esfera política e militar russa, mas acabaram por não embarcar.
"Até agora, estamos confrontados com elementos de ocultação. Não há nada de novo nos factos que a Rússia mostra. Talvez haja realmente algo a esconder", concluiu o diretor dos serviços de informações ucranianos, que alegou que a Rússia pode ter escondido os corpos das vítimas.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
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