Ministro do Interior guineense pede provas a ex-PM de abundância de droga
O ministro do Interior da Guiné-Bissau, Botche Candé, desafiou hoje o ex-primeiro-ministro Nuno Nabiam a apresentar provas da denúncia que fez, no sábado, de que atualmente há droga a circular em abundânia no país.
© Lusa
Mundo Guiné-Bissau
Em conferência de imprensa perante dirigentes do Ministério do Interior e Ordem Pública e de dezenas de oficiais da polícia guineense, Candé disse serem "muito tristes as declarações de Nuno Nabiam".
"Não estamos a falar de declarações de uma pessoa qualquer, estamos a falar de alguém que foi primeiro-ministro, primeiro vice-presidente do parlamento e actual Conselheiro Especial do Presidente da República", observou o ministro.
Botche Candé lamentou as declarações do antigo governante, realçando que Nuno Nabiam podia falar com o ministro do Interior ou então com o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, de quem é conselheiro.
Falando num comício político em Bissorã, no norte da Guiné-Bissau, Nuno Nabiam lançou "um vibrante apelo" à comunidade internacional no sentido de ajudar as autoridades nacionais a controlarem a droga no país.
"Hoje existem sinais de que a droga está a circular em abundância no país. Quando eu era primeiro-ministro trabalhei com parceiros internacionais para combater a droga no país", declarou Nabiam.
Botche Candé considerou que as declarações de Nuno Nabiam "podem ser entendidas como uma traição" aos esforços das autoridades guineenses, nomeadamente do Presidente e do Governo, na melhoria da imagem da Guiné-Bissau.
"Dizer que há droga a circular no país é muito grave e ainda mais dito por alguém como Nuno Nabiam", reiterou Candé.
O ministro deu orientações, na conferência de imprensa, a todos os agentes da polícia guineense no sentido de investigarem e, num prazo de 15 dias, apresentarem provas da existência ou não de droga no país.
"Se ficar provado que realmente não há droga no país, seremos obrigados a pedir ao Ministério Público para que chame o senhor Nuno Nabiam para que seja responsabilizado perante a lei", afirmou Botche Candé.
Segundo o ministro, as declarações de Nabiam, líder do partido Assembleia do Povo Unido -- Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), que faz parte do Governo de iniciativa presidencial, colocaram em causa a imagem do país.
Para Botche Candé, os investidores "vão pensar duas vezes" antes de virem investir na Guiné-Bissau.
"Que investidor virá investir num país onde um ex-primeiro-ministro, homem de Estado, diz publicamente que há droga em circulação em abundância", questionou Candé, adiantando que considera Nuno Nabiam "um irmão".
O secretário de Estado da Ordem Pública, José Carlos Monteiro, afirmou que aceita as orientações do ministro do Interior, mas considerou que, "em situação normal", Nuno Nabiam "já devia ter sido chamado pelo Ministério Público".
"É uma denúncia pública feita por Nuno Nabiam enquanto um líder político, portanto, um cidadão normal", sublinhou José Carlos Monteiro.
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