Opinião pública do Burkina Faso, Mali e Níger favorável à CEDEAO

A decisão das juntas militares no poder no Burkina Faso, Mali e Níger de abandonarem a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) contraria a opinião pública daqueles países, maioritariamente favoráveis à organização sub-regional, divulgou hoje o Afrobarometer.

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© NIPAH DENNIS/AFP via Getty Images

Lusa
31/01/2024 17:53 ‧ 31/01/2024 por Lusa

Mundo

Afrobarometer

Em comunicado divulgado hoje, o Afrobarometer, uma rede de investigação pan-africana e apartidária que divulga regularmente as tendências de opinião dos africanos sobre democracia, governação e qualidade de vida, defende que a decisão das três juntas militares "abre um novo capítulo numa relação que os seus cidadãos consideraram geralmente favorável no passado".

"Os inquéritos do Afrobarometer realizados em 2019/2021 mostraram que os cidadãos dos três países tinham uma visão globalmente positiva da CEDEAO, classificando a sua influência económica e política de forma mais positiva do que a da União Africana (UA)", lê-se no comunicado.

Segundo o Afrobarometer, a "influência positiva" percebida da CEDEAO também foi generalizada em todas as faixas etárias e áreas rurais/urbanas, e aumentou com os níveis de educação e riqueza económica dos cidadãos sondados.

O Mali e o Burkina Faso enviaram na segunda-feira à CEDEAO uma "notificação formal" da saída da organização regional, segundo fontes oficiais daqueles países.

Os dois países e o Níger anunciaram no domingo a decisão de abandonarem a CEDEAO.

Os inquéritos foram realizados em 2019/2021, antes de as tensões aumentarem na região, após os recentes golpes de Estado e a imposição de sanções pela CEDEAO e pela União Económica e Monetária da África Ocidental (UEMOA).

O inquérito da Afrobarometer de 2022 no Mali revelou que, embora a maioria dos cidadãos não se veja como os principais beneficiários das sanções da CEDEAO/UEMOA, apenas uma minoria dos cidadãos opinava que as sanções conduzissem à retirada do país da CEDEAO.

Em média, nos 34 países africanos inquiridos em 2019/2021, cerca de seis em cada 10 cidadãos (57%) classificaram a influência económica e política das suas principais organizações regionais como "bastante positiva" ou "muito positiva".

"As avaliações positivas da influência da CEDEAO no Burkina Faso (73%), no Mali (65%) e no Níger (65%) foram muito superiores à média continental", salienta a Afrobarometer.

Comparativamente, a influência da UA recebeu avaliações positivas de 71% dos cidadãos do Burkina Faso, 59% dos malianos e 58% dos nigerinos.

Os parceiros nacionais da Afrobarometer realizam entrevistas presenciais na língua de eleição do inquirido com amostras representativas a nível nacional que produzem resultados nacionais com margens de erro de +/-2 a +/-3 pontos percentuais a um nível de confiança de 95%.

Leia Também: Saídas da CEDEAO "enfraquece a integridade institucional do bloco"

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