Em comunicado divulgado hoje, o Afrobarometer, uma rede de investigação pan-africana e apartidária que divulga regularmente as tendências de opinião dos africanos sobre democracia, governação e qualidade de vida, defende que a decisão das três juntas militares "abre um novo capítulo numa relação que os seus cidadãos consideraram geralmente favorável no passado".
"Os inquéritos do Afrobarometer realizados em 2019/2021 mostraram que os cidadãos dos três países tinham uma visão globalmente positiva da CEDEAO, classificando a sua influência económica e política de forma mais positiva do que a da União Africana (UA)", lê-se no comunicado.
Segundo o Afrobarometer, a "influência positiva" percebida da CEDEAO também foi generalizada em todas as faixas etárias e áreas rurais/urbanas, e aumentou com os níveis de educação e riqueza económica dos cidadãos sondados.
O Mali e o Burkina Faso enviaram na segunda-feira à CEDEAO uma "notificação formal" da saída da organização regional, segundo fontes oficiais daqueles países.
Os dois países e o Níger anunciaram no domingo a decisão de abandonarem a CEDEAO.
Os inquéritos foram realizados em 2019/2021, antes de as tensões aumentarem na região, após os recentes golpes de Estado e a imposição de sanções pela CEDEAO e pela União Económica e Monetária da África Ocidental (UEMOA).
O inquérito da Afrobarometer de 2022 no Mali revelou que, embora a maioria dos cidadãos não se veja como os principais beneficiários das sanções da CEDEAO/UEMOA, apenas uma minoria dos cidadãos opinava que as sanções conduzissem à retirada do país da CEDEAO.
Em média, nos 34 países africanos inquiridos em 2019/2021, cerca de seis em cada 10 cidadãos (57%) classificaram a influência económica e política das suas principais organizações regionais como "bastante positiva" ou "muito positiva".
"As avaliações positivas da influência da CEDEAO no Burkina Faso (73%), no Mali (65%) e no Níger (65%) foram muito superiores à média continental", salienta a Afrobarometer.
Comparativamente, a influência da UA recebeu avaliações positivas de 71% dos cidadãos do Burkina Faso, 59% dos malianos e 58% dos nigerinos.
Os parceiros nacionais da Afrobarometer realizam entrevistas presenciais na língua de eleição do inquirido com amostras representativas a nível nacional que produzem resultados nacionais com margens de erro de +/-2 a +/-3 pontos percentuais a um nível de confiança de 95%.
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