O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, declarou hoje que Washington pensa que o ataque foi planeado, financiado e viabilizado pelo grupo.
O ataque de domingo com 'drones' (aeronaves não-tripuladas) a uma base militar na Jordânia matou três soldados norte-americanos e feriu pelo menos outros 40.
Kirby diz que o Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden, vai continuar a ponderar as opções de resposta ao ataque, acrescentando que "a primeira coisa que virem não será a última".
Já na terça-feira, Kirby tinha afirmado que os Estados Unidos estavam a considerar uma retaliação com "múltiplas ações" pelo ataque de domingo.
"É muito possível que venhamos a assistir a uma resposta gradual, não uma única ação, mas potencialmente múltiplas ações", disse Kirby a bordo do avião em que Joe Biden viajava para a Florida.
As Brigadas do Hezbollah (ou Kataib Hezbollah), um influente grupo armado pró-Irão no Iraque, tinham anunciado na terça-feira a suspensão das suas operações militares contra as tropas norte-americanas, depois de Washington prometer retaliar contra o ataque de 'drones' na Jordânia que matou três militares.
"Anunciamos a suspensão das nossas operações militares e de segurança contra as forças de ocupação, a fim de evitar qualquer constrangimento ao Governo iraquiano", anunciou o movimento no seu 'site'.
"Continuaremos a defender o nosso povo na Faixa de Gaza de outras formas", acrescentou, de acordo com o portal de notícias Shafaq.
Este movimento xiita recomendou também aos seus combatentes uma "defesa passiva" temporária em caso de "qualquer ação hostil" por parte dos EUA.
O Departamento de Defesa norte-americano (Pentágono) indicou na segunda-feira a potencial responsabilidade das Brigadas do Hezbollah pelo ataque mortal de domingo a uma base logística norte-americana perto da fronteira com o Iraque e a Síria.
As Brigadas do Hezbollah, grupo apoiado pelo Irão, é uma das milícias que fazem parte da Resistência Islâmica no Iraque, que reivindicou o ataque contra a base norte-americana e tem realizado ofensivas em apoio ao movimento islamita palestiniano Hamas, que está em guerra na Faixa de Gaza com Israel, país apoiado por Washington.
O grupo foi classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos há mais de uma década, devido aos seus ataques a alvos norte-americanos durante a invasão do país árabe.
Washington já bombardeou várias posições das Brigadas do Hezbollah no Iraque, e no final de novembro as forças dos Estados Unidos mataram pelo menos oito dos seus membros, num outro ataque aéreo em resposta às ações deste grupo.
O Governo do Iraque, que mantém um equilíbrio complicado entre Estados Unidos e Irão, condenou tanto as ações das milícias pró-Irão como as respostas de Washington, e iniciou um processo para retirar as tropas estrangeiras do país árabe.
As Brigadas do Hezbollah, grupo que colaborou indiretamente com os norte-americanos na luta contra o grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI) entre 2014 e 2017, também fazem parte das Forças de Mobilização Popular, um grupo de milícias pró-governo de facto integrado nas Forças Armadas iraquianas, embora também tenha um braço político com uma forte presença no parlamento iraquiano.
Joe Biden anunciou na terça-feira que o seu Governo já decidiu como responder ao ataque de domingo, mas não forneceu mais pormenores sobre essa retaliação.
O Presidente norte-americano voltou a responsabilizar o Irão por este incidente, "na medida em que forneceu armas aos que o perpetraram", embora tenha evitado fazer uma referência direta a Teerão.
Em todo o caso, Biden defendeu que não deve haver uma "guerra mais alargada" no Médio Oriente, depois de as tensões terem aumentado após o início do conflito entre Israel e o Hamas.
"Não é isso que pretendo", garantiu.
O Irão demarcou-se do ataque na Jordânia, falando em "acusações infundadas".
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Naser Kanani, garantiu que "os grupos de resistência na região não recebem ordens do Irão para as suas decisões e ações".
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