Biden avança com sanções a colonos israelitas que atacam palestinianos
O presidente norte-americano, Joe Biden, vai emitir, ainda hoje, uma ordem executiva que abre portas à imposição de sanções aos colonos israelitas na Cisjordânia que têm atacado palestinianos no território ocupado, segundo quatro fontes oficiais.
© Hannah Beier/Bloomberg via Getty Images
Mundo Cisjordânia
Para o Presidente norte-americano, Joe Biden, os níveis de violência, somados à deslocação forçada de pessoas e à destruição de propriedades, representam "uma séria ameaça à paz, segurança e estabilidade da Cisjordânia e de Gaza, de Israel e da região do Médio Oriente".
"Essas ações minam os objetivos da política externa dos Estados Unidos, incluindo a viabilidade de uma solução de dois Estados e a garantia de que israelitas e palestinianos possam alcançar medidas iguais de segurança, prosperidade e liberdade", argumentou Biden numa nota divulgada pela Casa Branca.
Neste contexto, Biden ordenou sanções contra as propriedades das pessoas identificadas pelo Governo como sendo responsáveis ou cúmplices de ações violentas na Cisjordânia ou que ameaçam a segurança da população local.
Em resposta, Israel rejeitou "medidas excecionais" contra os colonos israelitas na Cisjordânia ocupada, onde a violência aumentou à margem da guerra em Gaza.
"A maioria absoluta dos colonos da Judeia e Samaria (Cisjordânia) são cidadãos respeitadores da lei, muitos dos quais atualmente lutam pela defesa de Israel. Israel está a agir contra todos aqueles que violam a lei em todos os lugares", afirmou em um comunicado o gabinete do primeiro-ministro.
O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, foi mais longe e acusou os EUA de defenderem uma "campanha imoral".
"Continuaremos a agir destemidamente para fortalecer e desenvolver os colonatos judaicos em toda a terra de Israel e para lutar por uma paz duradoura, que só será alcançada quando a esperança dos árabes de estabelecer um Estado árabe sobre as ruínas do Estado judeu for frustrada", defendeu o ministro, numa mensagem nas redes sociais.
O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, explicou que o Presidente Biden reiterou em inúmeras ocasiões o direito de Israel de se defender e de retaliar pelos ataques do grupo islamita Hamas no início de outubro, que provocaram quase 1.200 mortos.
Contudo, Sullivan lembrou que o Governo norte-americano está preocupado com "o aumento da violência" registado na Cisjordânia "por parte de atores extremistas", referindo o "aumento da violência por parte de colonos extremistas".
"Esta violência representa uma grave ameaça à paz, segurança e estabilidade na Cisjordânia, Israel e na região do Médio Oriente, e ameaça a segurança nacional e os interesses da política externa dos Estados Unidos", disse Sullivan.
O conselheiro de Segurança Nacional acrescentou que a ordem executiva de Biden permitirá a emissão de sanções financeiras contra aqueles que dirigem ou participam em atos de violência, intimidação ou deslocamento forçado de civis, ou participam em atos terroristas na Cisjordânia.
O Departamento de Estado identificou em comunicado os quatro primeiros colonos alvo de sanções, descrevendo as acusações contra cada um deles.
David Chai Chasdai "supostamente liderou uma revolta em Huwara, na qual um civil palestiniano foi morto", enquanto Einan Tanjil é "acusado de agredir agricultores palestinianos e ativistas israelitas", refere a diplomacia norte-americana.
Shalom Zicherman "foi supostamente filmado a agredir ativistas israelitas na Cisjordânia" e Yinon Levi "liderou regularmente um grupo de colonos do posto da quinta Meitarim que atacaram civis palestinianos e beduínos e ameaçaram com mais violência se eles não saíssem das suas casas", adianta.
O conflito em curso entre Israel e o Hamas, que desde 2007 governa na Faixa de Gaza, foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita em território israelita em 07 de outubro.
Nesse dia, 1.140 pessoas foram mortas, na sua maioria civis mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que 127 permanecem na Faixa de Gaza.
Desde 07 de outubro, pelo menos 365 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico, para além de se terem registado 5.600 detenções e mais de 3.000 feridos.
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