"A crise de saúde pública que assola a nossa região representa uma séria ameaça ao desenvolvimento sustentável e ao bem-estar dos nossos povos. Neste momento crítico, devemos reconhecer a urgência da nossa resposta e a necessidade de uma ação coordenada e eficaz, pois a cólera não conhece fronteiras e exige uma abordagem regional para enfrentá-la", sustentou.
O líder da SADC, que falava na abertura da cimeira virtual convocada com caráter de urgência para debater o surto de cólera na região, considerou que "em momento difíceis, como este, a solidariedade e a ação conjunta" que une os Estados-membros da região "são indispensáveis".
"E exige uma resposta coletiva e coordenada para prevenir e controlar a propagação desta doença na nossa comunidade", frisou, manifestando solidariedade para com os países afetados e para com as famílias que perderam os entes queridos.
Zâmbia e a República Democrática do Congo (RDCongo), ambos países com extensa fronteira terrestre com Angola, são os países que registam a epidemia de cólera, devido às intensas chuvas que caem naqueles territórios, com relatos de registos de casos também noutros países da região.
A SADC é uma Comunidade Económica Regional composta por 16 Estados-membros, entre eles, Moçambique.
João Lourenço recordou, na intervenção, que Angola se comprometeu a liderar o processo de integração e desenvolvimento regionais orientados pelo lema, "Capital Humano e Financeiro: Os Principais Fatores para a Industrialização Sustentável da Região da SADC".
Defendeu a necessidade de se tomar decisões para prevenir e combater a propagação da cólera na região e dar uma resposta efetiva a doença, baseadas nas constatações dos ministros da Saúde e no relatório do Conselho de Ministros da SADC.
Estas, observou, "exigem uma abordagem integrada e holística que aborde não só os desafios da saúde, mas também os desafios económicos, sociais, ambientais e de governança de forma eficaz e sustentável".
Por outro lado, reconheceu que existe ainda um caminho a percorrer para alcançar o quadro regional para a aplicação da Estratégia Mundial 2030 de Prevenção e Controlo da Cólera, apesar do compromisso dos Estados-membros da SADC, evidenciado por investimentos em capital humano, no reforço de infraestruturas e no aumento do acesso equitativo aos serviços de saúde.
No entender do Presidente em exercício da SADC, a região precisa também de planos de emergência sólidos, recursos humanos capacitados e sistemas de alerta eficazes.
"A nossa luta contra a cólera exige mais do que o simples tratamento médico, ela requer uma estratégia abrangente que integre a promoção da saúde nas comunidades, cuidados de saúde de qualidade, gestão eficaz de casos e o uso estratégico de vacinas orais contra a cólera, como medida preventiva", realçou.
As limitações de recursos para a aquisição de produtos médicos, vacinas, testes e reagentes laboratoriais, em muitos países da região, para a prevenção e a gestão adequada e oportuna dos casos, foram ainda realçadas pelo Presidente angolano.
"O mais preocupante ainda é a nossa capacidade limitada no acesso às vacinas, pelo que precisamos de desafiar as normas existentes e adaptá-las ao contexto atual, para que os países possam ter um acesso oportuno, equitativo e em quantidades seguras para todas as populações em áreas afetadas e de alto risco", disse.
João Lourenço considerou ser urgente o fortalecimento dos mecanismos de transferência tecnológica e o investimento em fábricas para a produção local de medicamentos, produtos médicos e vacinas, visando a autossuficiência, garantindo também o desenvolvimento económico e tecnológico, criando empregos e incentivando a inovação do setor farmacêutico da região.
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