Este aumento de violência deve-se ao "recrudescimento dos combates entre as Forças Armadas da República Democrática do Congo (FARDC) e o grupo terrorista M23 (Movimento 23 de Março)", explicou a organização não-governamental (ONG) Save the Children através de um comunicado de imprensa.
A Save the Children indicou que existem relatos de pais que contam que as crianças foram separadas deles durante os episódios de violência, mas frisou que o número de "crianças perdidas" é desconhecido.
"As famílias estão a procurar refúgio em campos de deslocados, igrejas, escolas e em famílias de acolhimento, com milhares de pessoas a deslocarem-se em busca de segurança em Goma", a capital da província de Kivu do Norte, explicou a ONG.
A utilização de artilharia, drones e explosivos no leste da RDCongo, país que faz fronteira com Angola, está a matar e a ferir civis e a danificar e destruir infraestruturas essenciais, afirmou.
De acordo com fontes da imprensa local citadas no comunicado da ONG, 19 pessoas foram mortas e 27 ficaram feridas devido à violência, incluindo três raparigas. Um mercado foi atingido a 07 de fevereiro e as munições também caíram no pátio de uma escola e perto de um hospital.
"As crianças no leste da RDCongo estão a viver mais um pesadelo. A violência abrupta do fim de semana separou as crianças das suas famílias e arrancou-as à força das suas casas", declarou o diretor nacional da Save the Children na RDCongo, Greg Ramm.
Esta região tem sofrido uma violência persistente, com as crianças a crescerem num ciclo incessante de morte, destruição e deslocação, segundo o diretor da ONG no país.
"As crianças da RDCongo não só estão a testemunhar os horrores do conflito, como também estão a ser recrutadas para grupos armados violentos, enfrentando uma fome catastrófica e sofrendo abusos sexuais. É imperativa uma ação urgente e resoluta para quebrar o ciclo de sofrimento destas vidas inocentes", concluiu o diretor.
Todas as escolas da zona continuam encerradas, referiu a ONG.
"Há muito que a RDCongo sofre de ciclos repetidos de afluxo de refugiados, conflitos e agitação. Atualmente, mais de 25 milhões de pessoas necessitam urgentemente de ajuda humanitária para sobreviver e mais de sete milhões estão deslocadas", recordou ONG.
A atual onda de violência segue-se ao "tumultuoso" ano de 2023, "quando a intensificação dos combates no leste do país entre vários grupos deslocou mais de um milhão de pessoas, incluindo pelo menos 500.000 crianças", referiu.
No final de 2023, só o Kivu do Norte tinha mais de 2,4 milhões de pessoas deslocadas internamente, de acordo com os dados do Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) citados pela ONG.
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