Confrontos na RDCongo obrigam 150 mil pessoas a fugir em poucos dias

A escalada de violência no leste da República Democrática do Congo (RDCongo) forçou pelo menos 150.000 pessoas a deslocarem-se desde 02 de fevereiro, das quais 78.000 eram crianças, declarou hoje a organização não-governamental Save the Children. 

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© SEBASTIEN KITSA MUSAYI/AFP via Getty Images

Lusa
08/02/2024 18:15 ‧ 08/02/2024 por Lusa

Mundo

RDCongo

Este aumento de violência deve-se ao "recrudescimento dos combates entre as Forças Armadas da República Democrática do Congo (FARDC) e o grupo terrorista M23 (Movimento 23 de Março)", explicou a organização não-governamental (ONG) Save the Children através de um comunicado de imprensa. 

A Save the Children indicou que existem relatos de pais que contam que as crianças foram separadas deles durante os episódios de violência, mas frisou que o número de "crianças perdidas" é desconhecido.

"As famílias estão a procurar refúgio em campos de deslocados, igrejas, escolas e em famílias de acolhimento, com milhares de pessoas a deslocarem-se em busca de segurança em Goma", a capital da província de Kivu do Norte, explicou a ONG.

A utilização de artilharia, drones e explosivos no leste da RDCongo, país que faz fronteira com Angola, está a matar e a ferir civis e a danificar e destruir infraestruturas essenciais, afirmou.

De acordo com fontes da imprensa local citadas no comunicado da ONG, 19 pessoas foram mortas e 27 ficaram feridas devido à violência, incluindo três raparigas. Um mercado foi atingido a 07 de fevereiro e as munições também caíram no pátio de uma escola e perto de um hospital.

"As crianças no leste da RDCongo estão a viver mais um pesadelo. A violência abrupta do fim de semana separou as crianças das suas famílias e arrancou-as à força das suas casas", declarou o diretor nacional da Save the Children na RDCongo, Greg Ramm.

Esta região tem sofrido uma violência persistente, com as crianças a crescerem num ciclo incessante de morte, destruição e deslocação, segundo o diretor da ONG no país.

"As crianças da RDCongo não só estão a testemunhar os horrores do conflito, como também estão a ser recrutadas para grupos armados violentos, enfrentando uma fome catastrófica e sofrendo abusos sexuais. É imperativa uma ação urgente e resoluta para quebrar o ciclo de sofrimento destas vidas inocentes", concluiu o diretor.  

Todas as escolas da zona continuam encerradas, referiu a ONG.

"Há muito que a RDCongo sofre de ciclos repetidos de afluxo de refugiados, conflitos e agitação. Atualmente, mais de 25 milhões de pessoas necessitam urgentemente de ajuda humanitária para sobreviver e mais de sete milhões estão deslocadas", recordou ONG. 

A atual onda de violência segue-se ao "tumultuoso" ano de 2023, "quando a intensificação dos combates no leste do país entre vários grupos deslocou mais de um milhão de pessoas, incluindo pelo menos 500.000 crianças", referiu.

No final de 2023, só o Kivu do Norte tinha mais de 2,4 milhões de pessoas deslocadas internamente, de acordo com os dados do Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) citados pela ONG.

Leia Também: RDCongo regista mais de 700 mortes por cólera desde o início de 2023

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