"Não encontrámos nada de novo naquela entrevista, repetiu mentiras antigas, distorções, manipulações e mostrou uma grande hostilidade para com o Ocidente, que não é novo. Lamentamos que Putin tenha tido acesso a uma plataforma para manipular e espalhar propaganda. Putin reforçou as suas já conhecidas mentiras sobre a Ucrânia, mentiras perigosas, como a desnazificação da Ucrânia para justificar a guerra de agressão injustificada e sem provocações", disse a porta-voz da Comissão Nabila Massrali.
A porta-voz responsável pelos Negócios Estrangeiros e Política de Segurança falava aos jornalistas durante uma conferência de imprensa, em Bruxelas, e considerou que as declarações "já provocaram atrocidades contra a população ucraniana".
O presidente russo, Vladimir Putin, afastou a possibilidade de invadir a Polónia ou a Letónia, durante uma entrevista ao apresentador norte-americano Tucker Carlson, divulgada na quinta-feira, uma vez que a Federação Russa "não tem interesses" nesses Estados.
"Não temos interesses na Polónia, na Letónia ou algures. Porque é que faríamos isso? Simplesmente não temos qualquer interesse [nisso]. [...] Está fora de questão", respondeu Putin à questão "Imagina um cenário em que o senhor envia tropas russas para a Polónia?".
Sobre a Ucrânia, Putin afastou totalmente a possibilidade de derrota russa no Estado vizinho que invadiu, considerando-a "impossível, por definição".
Como disse: "Há vociferações para infligir uma derrota estratégica à Rússia no campo de batalha. Na minha opinião, é impossível, por definição. Isso nunca acontecerá".
A propósito de esta guerra, assegurou que existe um número indeterminado de "mercenários dos EUA", que disse constituírem o segundo grupo mais numeroso destes combatentes, depois dos polacos e à frente dos georgianos.
Putin disse também que o envio de soldados regulares dos EUA para combaterem na Ucrânia "colocaria a Humanidade à beira de um conflito global muito sério", em resposta ao apelo do líder dos democratas no Senado norte-americano, Chuck Schumer, para reforçar a ajuda ao país invadido.
"Vocês têm problemas nas fronteiras com a imigração, problemas com a dívida de mais de 33 mil milhões de dólares... Não têm nada melhor para fazer? (...) Não seria melhor negociar com a Rússia para chegar a um acordo?", prosseguiu.
Ainda sobre a Ucrânia, Putin disse que está pronto para negociar, mas que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, "assinou um decreto que proíbe a negociação com a Rússia [porque] obedece a instruções dos países ocidentais".
Por outro lado, sobre os EUA, Putin afastou a ideia de que a relação bilateral dependa de uma mudança na Presidência norte-americana, contrapondo que tem mais a ver com "a ideia de dominação" que os EUA têm do mundo.
Como disse: "Não se trata de quem é o líder ou da personalidade de uma pessoa em concreto, mas das elites. É a ideia de dominação a todo o custo baseada nas forças dominantes da sociedade norte-americana".
Reconheceu que teve uma boa relação com George Bush Jr., "e também [teve] essa relação pessoal com [Donald] Trump".
Ao refletir a seguir sobre os EUA, apontou: "É um país complexo. Conservador, por um lado, mas em rápida mudança, por outro... Não é fácil compreendê-lo".
Em particular, sobre o sistema eleitoral, questionou: "Quem toma as decisões nas eleições? Pode entender-se que cada Estado tenha as suas leis? Que se regule por sua conta?".
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