Força apoiada por dirigente detido vence eleições no Paquistão

Candidatos independentes apoiados pelo partido do ex-primeiro-ministro do Paquistão Imran Khan, que está preso, conquistaram hoje as eleições gerais, mas sem hipótese de alcançar uma maioria suficiente para governar.

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© REUTERS/Akhtar Soomro

Lusa
09/02/2024 23:30 ‧ 09/02/2024 por Lusa

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De acordo com os resultados parciais divulgados pela Comissão Eleitoral do Paquistão (CEP) para 236 dos 265 lugares na Assembleia Nacional do Paquistão (Parlamento), a força independente apoiada pelo partido de Khan, o Pakistan Tehreek-e-Insaf (PTI), garantiu 96 assentos.

Em segundo lugar surge a Liga Muçulmana do Paquistão, liderada pelo três vezes primeiro-ministro Nawaz Sharif, já com 66 assentos garantidos, seguido do Partido Popular do Paquistão (PPP), liderado por Bilawal Bhutto-Zarzadi, Bilawal Bhutto-Zardari, filho da antiga primeira-ministra assassinada Benazir Bhutto, com 51.

Embora nem todos os candidatos apoiem Khan, o grupo não tem votos suficientes (133) para constituir uma maioria que lhes permita governar.

Após a divulgação das previsões e dos primeiros resultados, que dão vantagem ao popular ex-primeiro-ministro Imran Khan, que está preso e não pôde participar na corrida eleitoral, Sharif disse aos jornalistas que ia enviar o irmão mais novo, o também antigo chefe de Governo Shehbaz Sharif, para se encontrar com os líderes de outros partidos para se juntarem à coligação.

Nawaz Sharif tinha rejeitado a ideia de uma coligação apenas um dia antes, dizendo que queria um único partido a governar o Paquistão.

Por sua vez, o PTI denunciou em diversas ocasiões as alterações nos resultados de alguns distritos eleitorais para garantir a vitória ao seu rival político mais direto, a Liga Muçulmana do Paquistão.

As alegadas tentativas de fraude eleitoral desencadearam focos de violência na província de Khyber Pakhtunkhwa, com pelo menos dois membros do partido mortos e outros nove feridos quando apoiantes do partido de Khan e da Liga se enfrentaram durante a contagem dos votos.

Os Estados Unidos, que mantêm relações tensas com Islamabade apesar de ser um parceiro, manifestaram hoje preocupações sobre a condução das eleições no Paquistão, ao mesmo tempo que afirmaram querer trabalhar com o próximo governo.

"Unimo-nos a observadores internacionais e locais credíveis que acreditam que estas eleições foram marcadas por restrições excessivas às liberdades de expressão, associação e reunião pacífica", sublinhou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, em comunicado.

A diplomacia norte-americana condenou "a violência eleitoral, as restrições ao exercício dos direitos humanos e das liberdades fundamentais (...), e as restrições ao acesso à Internet e aos serviços de telecomunicações", acrescentando estar "preocupada com alegações de interferência ou fraude".

O resultado favorável ao PTI é um cenário inesperado para estas eleições, já que a antiga estrela do críquete foi excluída da corrida eleitoral, devido às condenações penais de que foi alvo. O candidato alega que as suas condenações e os mais de 150 processos judiciais ainda pendentes tiveram motivações políticas.

Até esta quinta-feira o cenário mais esperado para o Paquistão era uma vitória da Liga Muçulmana, em parte pela vantagem de Khan estar preso, mas sobretudo pelo apoio tácito do poderoso Exército do Paquistão, visto como o verdadeiro poder que controla o país.

Os candidatos do seu partido foram obrigados a concorrer como independentes nas eleições, depois de terem sido impedidos de utilizar o símbolo do partido - um taco de críquete - para ajudar os eleitores analfabetos a encontrá-los nos boletins de voto.

O Paquistão é constitucionalmente uma república parlamentar democrática, pelo que nestas eleições um partido precisa de obter uma maioria de 133 assentos para formar um governo.

A Assembleia Nacional do Paquistão tem, na realidade, 266 lugares, embora apenas 265 representantes tenham sido eleitos, depois do CEP ter decidido suspender a eleição de um círculo eleitoral.

Leia Também: Dois mortos no Paquistão em tumultos relacionados com eleições

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