O líder da oposição sul-africana, ohnJ Steenhuisen, afirmou que o processo detalha o alegado envolvimento do governante e político do Congresso Nacional Africano (ANC) na captura do Estado pela grande corrupção pública desde os cargos ministeriais que desempenhou há 20 anos no governo provincial de Gauteng, onde se situa Joanesburgo e Pretória, a capital do país.
"As alegações incluem uma intrincada rede de nepotismo e patrocínio familiar da qual Mashatile é alegadamente o beneficiário final, sendo o escândalo mais recente a compra de uma mansão em Constantia [Cidade do Cabo] pelo genro de Mashatile, Nonkwelo, no valor de 28,9 milhões de rands (1,4 milhões de euros) pela sua empresa, que supostamente ainda deve sete milhões de rands (342 mil euros) ao Departamento de Assentamentos Humanos de Gauteng por um projeto habitacional fracassado em Alexandra [subúrbio de Joanesburgo]", declarou.
Steenhuisen apontou que Mashatile também enfrenta acusações de ter "enganado" o parlamento "por não declarar adequadamente o uso de várias propriedades".
O vice-presidente Paul Mashatile, nomeado para o cargo em março de 2023 pelo Presidente Cyril Ramaphosa, integrou em simultâneo a liderança do ANC e a do Partido Comunista da África do Sul (SACP) em 1990, tendo ocupado cargos de destaque no mandato do governador de Gauteng, Mbhazima Shilowa, como Membro do Conselho Executivo (MEC, na sigla em inglês) para os Assentamentos Humanos (1999--2004) e Finanças e Assuntos Económicos (2004--2008).
O maior partido de oposição na África do Sul instou recentemente o Presidente Ramaphosa, que é também presidente do ANC, no poder desde 1994, - em coligação com o SACP e a confederação sindical COSATU -, a agir contra Mashatile antes do seu discurso do Estado da Nação, na última quinta-feira no parlamento.
Na altura, o chefe de Estado sul-africano defendeu Mashatile salientando que "qualquer evidência de irregularidade por parte do vice-Presidente deverá ser testada e verificada pelas autoridades competentes", segundo um comunicado da Presidência da República.
"Não é nenhuma surpresa que o Presidente Ramaphosa, mais uma vez, não tenha feito nada para agir contra os quadros corruptos dentro do seu governo e dentro do seu próprio partido", frisou o líder do DA, John Steenhuisen.
"À medida que a África do Sul se aproxima de um ponto crucial da história nas eleições no final deste ano, não podemos permitir que o governo liderado pelo ANC se desvie do facto de que quase todas as falhas do Estado e todos os colapsos dos serviços podem ser diretamente atribuídos à captura do Estado e à corrupção grave que se tornou endémica", salientou o líder da oposição sul-africana.
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