A Junta Militar - que detém o poder em Myanmar desde o golpe de Estado de 01 de fevereiro de 2021 - anunciou que a partir de abril começará o recrutamento de 5.000 efetivos, prevendo também a incorporação de mulheres, até atingir 60 mil efetivos por ano.
A ativação da nova lei do serviço militar, pela qual o serviço militar é imposto a jovens de ambos os sexos, tem suscitado confusão e medo no país devido à sua imprecisão e inesperadas implicações.
Uma das dúvidas reside em saber se, além do serviço militar, a lei obrigará os recrutas a lutar contra as guerrilhas rebeldes.
De acordo com a lei, todos os civis - entre 18 e 35 anos, no caso dos homens, e entre 18 e 27 anos, no caso das mulheres - podem ser convocados para o serviço militar sob comando do Exército, por um período de até dois anos.
Se possuírem qualificações como engenharia ou outras áreas, a idade para os homens aumenta para 45 anos e para 35 para as mulheres.
A Junta acrescenta que quem não cumprir os regulamentos enfrentará consequências criminais.
O anúncio causou receio entre muitos cidadãos birmaneses, com alguns a transmitir o desejo de fugir do país e a manifestar a intenção de recusar o ingresso nas fileiras do Exército, que está a ser investigado pela ONU por possível genocídio contra a minoria muçulmana.
O Exército também vive um momento de crise, com cerca de dois terços do país mergulhado em conflito, segundo a ONU, e encurralado por uma ofensiva de forças multiétnicas e pró democráticas que começou em 27 de outubro no norte e que se espalhou rapidamente por todo o país.
O golpe militar de 2021 pôs fim a uma década de transição democrática e abriu uma espiral de violência que exacerbou os confrontos de guerrilha que o país vive há muito tempo.
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