"Areias movediças". ONU pede fim do "perigoso ciclo de escalada" no Iémen

O enviado especial da ONU para o Iémen pediu hoje uma ação imediata para pôr fim ao "perigoso ciclo de escalada" no país, num contexto de "areias movediças" ligadas aos ataques dos rebeldes Huthis no Mar Vermelho.

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Lusa
14/02/2024 17:19 ‧ 14/02/2024 por Lusa

Mundo

Iémen

O país vivia em "relativa calma" após uma trégua negociada em abril de 2022 pelas Nações Unidas -- que expirou oficialmente. Mas, no contexto da guerra entre Israel e o grupo islamita Hamas na Faixa de Gaza, os Huthis realizaram dezenas de ataques no Mar Vermelho e no Golfo de Áden contra navios que consideram ligados a Israel, dizendo agirem em solidariedade com os palestinianos.

Em resposta, os Estados Unidos e o Reino Unido levaram a cabo vários ataques no Iémen contra os Huthis, que controlam grande parte do território deste país, ele próprio já devastado pela guerra.

Nestas circunstâncias, e apesar dos progressos registados em dezembro no sentido de um novo cessar-fogo entre os rebeldes Huthis e o Governo iemenita, "o caminho para a paz enfrenta mais obstáculos", notou o enviado da ONU, Hans Grunberg, durante uma reunião do Conselho de Segurança da ONU.

Devemos "criar uma rampa de saída para este perigoso ciclo de escalada", apelou.

Para este fim, "primeiro, precisamos de uma desescalada regional", advogou, transmitindo o repetido apelo do secretário-geral da ONU, António Guterres, para um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza, também importante para "proteger o espaço de mediação no Iémen".

"Em segundo lugar, os partidos iemenitas devem parar com as provocações públicas e abster-se de qualquer oportunismo militar dentro do Iémen neste momento delicado", acrescentou, estimando que uma escalada seria "uma escolha" que teria "um preço" para a população que já sofrida.

"Durante os meus últimos intercâmbios, recebi garantias de que todas as partes preferem o caminho da paz", disse Hans Grundberg, observando, no entanto, sinais preocupantes em várias linhas da frente e o aumento de "ameaças públicas de retomar os combates".

O país mais pobre da Península Arábica, o Iémen, está no meio de uma guerra civil desde 2014 entre o Governo, apoiado desde 2015 por uma coligação militar liderada pela Arábia Saudita, e os rebeldes Huthis, próximos do Irão, que controlam partes inteiras do país, incluindo a capital Sanaa.

A guerra deixou centenas de milhares de mortos, vítimas diretas e indiretas do conflito, e causou uma das piores crises humanitárias do mundo, segundo a ONU, com uma "taxa de desnutrição entre as mais altas já registadas", sendo que "17,6 milhões de pessoas enfrentarão insegurança alimentar aguda em 2024".

"O Iémen não é uma nota de rodapé para uma história regional mais ampla, as partes precisam de voltar a concentrar-se na salvaguarda do progresso que foi feito até agora no sentido de chegar a um acordo. A escalada regional não nega as necessidades urgentes no Iémen de um cessar-fogo a nível nacional, do pagamento dos salários do setor público, da retoma das exportações de petróleo, da abertura de estradas, portos e aeroportos, da reconstrução e de outros elementos que têm estado em negociação", insistiu o enviado especial da ONU.

Leia Também: Hutis confirmam morte de jornalista palestiniana em ataque em Rafah

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