O presidente da Rússia, Vladimir Putin, tem estado a ter um dia bastante preenchido, ocupando algum tempo de antena nas televisões russas, no entanto, até ao momento, não se pronunciou sobre a morte de Alexei Navalny, o seu principal opositor. Ao mesmo tempo, a imprensa pouco está a falar sobre a morte do também ativista e não há grande espaço para aqueles que querem apresentar as suas condolências.
O jornalista Francis Scarr, da BBC Monitoring, que é responsável por analisar a televisão estatal russa, tem estado a partilhar, através da rede social X, a sua avalição.
"Entretanto, noutro universo, Putin está a dizer que espera que o aumento da taxa de juro de referência da Rússia seja apenas uma medida temporária. Putin está a ter um dia cheio de compromissos televisivos, mas ainda não comentou a morte de Navalny", escreveu. Antes já havia notado que Putin tinha aparecido "muito bem-disposto" numa reunião.
Analisando, por exemplo, a agência estatal russa TASS, há várias notícias com declarações de Putin, mas nenhuma delas sobre o seu opositor. Uma notícia sobre o presidente russo está aliás, em destaque no seu site, mas lê-se: "O passado e o presente colonial do Ocidente são 'vergonhosos', afirma Putin".
Meanwhile in another universe, Putin is saying he hopes Russia’s raised key interest rate is only a temporary measure
— Francis Scarr (@francis_scarr) February 16, 2024
He’s having a busy day of televised engagements but is yet to comment on Navalny’s death pic.twitter.com/a5rpBDGX1y
Meanwhile, Putin is chairing a meeting on support for investment projects in Russian industry
— Francis Scarr (@francis_scarr) February 16, 2024
As you can see, he seems to be in very good spirits pic.twitter.com/hBWrIOgPrh
Além disso, pouco destaque foi dado à morte. "Não esperem que os media estatais russos digam muito sobre a morte de Navalny. Este é o anúncio feito pelo Channel One, em que o apresentador se limita a recitar breves declarações dos serviços prisionais e do comité de investigação", escreveu Scarr. O mesmo aconteceu com outros canais, que transmitiram reportagens sobre outros temas.
Don’t expect the Russian state media to say much about Navalny's death
— Francis Scarr (@francis_scarr) February 16, 2024
This is Channel One announcing it earlier with the presenter merely reciting brief statements from the prison service and investigations committee pic.twitter.com/bioAqjgYCY
Russian rolling news channel Rossiya 24 is airing film director Nikita Mikhalkov's fireside conspiracy theory-laden Besogon show
— Francis Scarr (@francis_scarr) February 16, 2024
No mention of Navalny at all yet pic.twitter.com/pUBMe5CLNg
Russian state TV is now running reports praising the wonders of tourism in North Korea
— Francis Scarr (@francis_scarr) February 13, 2024
Russian visitors interviewed in this item describe "amazing" skiing and "gorgeous" beaches pic.twitter.com/n0WQ4XsfSq
O espaço também parece ser pouco para apresentar condolências. "Nikolai Rybakov, um dos 'liberais' que continua a ser convidado para a televisão estatal russa (onde é sistematicamente ridicularizado e ignorado), tentou apresentar condolências pela morte de Navalny e apelar à libertação dos presos políticos O apresentador Andrei Norkin interrompeu-o, claro", notou o jornalista.
Nikolai Rybakov, one of the "liberal" punchbags still invited onto Russian state TV (where he’s routinely ridiculed and talked over) tried to offer condolences for Navalny’s death and call for political prisoners to be freed
— Francis Scarr (@francis_scarr) February 16, 2024
Presenter Andrei Norkin interrupted him of course pic.twitter.com/Gw2V2rq35k
Navalny morreu hoje, aos 47 anos, numa colónia penal no Ártico, para onde tinha sido transferido em dezembro, depois de ter estado numa prisão na região de Vladimir, a menos de 200 quilómetros de Moscovo.
A notícia foi divulgada pelos serviços prisionais da Rússia. Os apoiantes de Navalny ainda não confirmaram a morte do dissidente.
Os múltiplos julgamentos de Navalny foram amplamente denunciados como sendo políticos e uma forma de o castigar por se opor a Vladimir Putin.
As autoridades russas não forneceram praticamente nenhum pormenor sobre as condições da morte de Navalny, limitando-se a uma declaração concisa. Disseram que tinham feito tudo o que estava ao seu alcance para reanimar o opositor, que se encontrava em mau estado de saúde após um colapso enquanto caminhava.
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