Cruz Vermelha investiga destino de 23 mil desaparecidos na guerra

O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) anunciou hoje que está a tentar "clarificar sobre o destino de 23.000 pessoas que terão desaparecido" durante o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, em curso há dois anos.

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© Issam Rimawi/Anadolu via Getty Images

Lusa
19/02/2024 14:25 ‧ 19/02/2024 por Lusa

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Ucrânia

 

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"O gabinete da Agência Central de Investigação [ACI] do CICV para o conflito armado internacional entre a Rússia e a Ucrânia, em funcionamento desde março de 2022", consagra-se à investigação sobre pessoas desaparecidas dos dois lados no decurso deste conflito, "quer tenham sido capturadas, mortas ou separadas dos seus" na sequência dos combates, indicou o CICV em comunicado.

"Permanecer sem notícias de um próximo é um verdadeiro suplício, uma angústia permanente. Dezenas de milhares de famílias estão confrontadas com esta trágica realidade. Têm o direito de saber o que aconteceu aos seus próximos e, quando for possível, partilhar as novidades com eles", sublinhou Dusan Vujasanin, chefe de gabinete da ACI.

"No decurso dos dois últimos anos, o CICV recebeu mais de 115.000 pedidos de investigação sobre desaparecidos por parte de famílias da Ucrânia e da Rússia, por telefone, através das plataformas digitais, por correio ou durante entrevistas presenciais", indicou a instituição.

"Em 31 de janeiro de 2024, o CICV, com a participação de diversas sociedades nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho -- na Ucrânia, Rússia e em outros locais -- ajudou 8.000 famílias a obter informações sobre o destino dos seus próximos ou o local onde se encontravam", segundo o comunicado.

O texto cita testemunhas de famílias que acabaram por receber notícias dos seus próximos.

"Estou muito feliz por saber que o meu filho está vivo. Há dois meses que não tinha notícias dele. Estive como que morta durante esse tempo", declarou uma mãe ao CICV.

O gabinete da ACI "permitiu a milhares de pessoas retomar contacto com um próximo de quem tinham perdido o contacto e obter informações sobre o que lhe aconteceu", congratulou-se Vujasanin.

"Mas outros ainda permanecem na expectativa e na incerteza", sublinhou.

O gabinete da ACI para o conflito entre a Rússia e a Ucrânia é o primeiro dos últimos 30 anos a ser especificamente criado pelo CICV para um conflito internacional. Esta missão é a mais importantes desde a Segunda Guerra Mundial.

Em conformidade com as Convenções de Genebra, os dois países estabeleceram em paralelo um Gabinete Nacional de Informações (GNI) responsável por recolher, centralizar e transmitir as informações relativas às pessoas protegidas (incluindo prisioneiros de guerra e civis) que se encontrem em seu poder, esclareceu o CICV.

Ao atuar como intermediário neutro entre a Rússia e a Ucrânia, o gabinete da ACI reúne, centraliza e regista estas informações, para depois as transmitir ao campo respetivo, acrescentou a instituição.

As partes envolvidas num conflito internacional "são responsáveis por tratar com humanidade as pessoas que estão na sua posse e assegurar que os mortos sejam expostos de forma digna".

A ofensiva militar russa no território ucraniano, desencadeada em 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Os aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido armas a Kiev e aprovado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.

Leia Também: Rússia anuncia conclusão da tomada de cidade de Adviivka

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