Brasil fala em défice de governança mundial para resolver conflitos

O Governo brasileiro considerou hoje, a um dia das reuniões dos chefes da diplomacia do G20, que existe um défice de governança mundial e que esta não é capaz de resolver desafios atuais "ao nível de conflito da Guerra Fria".

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Lusa
20/02/2024 20:42 ‧ 20/02/2024 por Lusa

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"A proliferação de conflitos é algo que preocupa de forma muito aguda", disse, em conferência de imprensa de antecipação das reuniões na cidade brasileira do Rio de Janeiro, o secretário de Assuntos Económicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores e Sherpa do G20 do Brasil, embaixador Maurício Lirio.

O diplomata brasileiro suportou as suas afirmações através de um estudo do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) que aponta que em 2023 houve um "recorde de conflitos: 123 conflitos, algo sem precedente nas últimas décadas".

"Algo sem precedente nas últimas três décadas, nós retornamos ao nível de conflito da Guerra Fria", sublinhou.

Maurício Lirio voltou a reforçar uma das principais bandeiras do Governo brasileiro durante a sua presidência do G20: a necessidade de reformas nas instituições de governança global como nas Nações Unidas, Organização Mundial de Comércio e bancos multilaterais.

"Há um consenso em relação à reforma, mas o caminho para se chegar até essa reforma passa pelas diferenças. Essa é a grande proeza de um trabalho diplomático, a de fazer uma reforma mais inclusiva, para que tenhamos de fato uma ONU capaz de prevenir novos conflitos", disse o diplomata brasileiro.

O diplomata explicou que, na quarta-feira, primeiro dia de trabalho da cimeira no Rio de Janeiro, os chefes das diplomacias discutirão a atual situação mundial, incluindo as guerras na Ucrânia e em Gaza, e que na quinta-feira abordarão a reforma dos órgãos de governança global.

As discussões de quinta-feira servirão para estabelecer uma base de trabalho que será aprofundada numa segunda reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros a realizar em setembro em Nova Iorque, no âmbito da Assembleia das Nações Unidas, num evento sem precedentes no G20.

"Não há nada mais simbólico do que discutir a reforma da ONU no seio da própria ONU", afirmou.

Hoje começaram a chegar ao Brasil os máximos responsáveis diplomáticos das 20 maiores economias do mundo, mais da União Africana e da União Europeia, autoridades dos países convidados da presidência brasileira, como o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho, e representantes de doze organizações internacionais.

Dentre os principais nomes confirmados estão o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, que se encontra em Brasília e que se reunirá na quarta-feira de manhã com Lula da Silva, e o chanceler russo, Sergei Lavrov. 

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, estará presente no evento, que conta também com a presença, como convidados, dos chefe da diplomacia de Portugal, João Gomes Cravinho, do secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Zacarias da Costa, sendo que Angola se fará representar pelo ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano, disse à Lusa fonte da diplomacia angolana.

 As prioridades da presidência brasileira para o seu mandato à frente do G20 são o combate à fome, à pobreza e à desigualdade, o desenvolvimento sustentável e a reforma da governança global, nomeadamente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, algo que tem vindo a ser defendido por Lula da Silva desde que tomou posse como Presidente do Brasil, denunciando o défice de representatividade e legitimidade das principais organizações internacionais.

O Brasil, que exerce a presidência do G20 desde o primeiro dia de dezembro de 2023, convidou Portugal, Angola, Egito, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Nigéria, Noruega e Singapura para observadores da organização.

Até à Cimeira de Chefes de Estado e deo Governo, agendada para 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro, realizar-se-ão mais de 100 reuniões dos grupos de trabalho, em nível técnico e ministerial, em cinco regiões brasileiras.

Leia Também: Israel. Declarações de Lula não vão contaminar reunião do G20, diz Brasil

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