Os dois partidos submetem os seus eleitores a mais uma etapa das eleições primárias, desta vez no estado de Michigan, onde se espera que os principais candidatos - Biden, do lado dos democratas, o ex-Presidente Donald Trump, do lado dos republicanos -- tenham tarefas fáceis.
Contudo, no Partido Democrata, apesar de o único adversário de Biden na corrida (Dean Philips) ter poucas hipóteses de sucesso, as atenções voltam-se para os números com que o Presidente em exercício será escolhido, depois de a Casa Branca ter mantido o seu apoio à causa de Israel na luta contra o Hamas (após o ataque do grupo islamita em 07 de outubro), que tem provocado a contestação de vários setores da sociedade norte-americana.
Nos últimos meses, apoiantes democratas têm manifestado o seu descontentamento com o apoio de Biden ao que muitos consideram ser um "genocídio em Gaza", decorrente dos intensivos ataques israelitas no enclave.
Este descontentamento vai agora a votos, nas eleições primárias, onde Biden poderá enfrentar alguns contratempos, tratando-se de um estado com uma população árabe politicamente muito ativa, em particular nos 'campus' de algumas prestigiadas universidades, onde os alunos se têm manifestado contra o regime do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
Os consultores políticos de Biden estão particularmente preocupados com o efeito do apoio da Casa Branca a Israel nas zonas de subúrbio de cidades como Detroit, onde a causa pró-palestiniana é muito popular.
Mas, se esta posição de Biden pode afetar parcialmente a candidatura do Presidente nas primárias democratas, os assessores da Casa Branca estão bem mais preocupados com o impacto que esse descontentamento poderá ter quando se tratar da campanha para as presidenciais de novembro.
"Cada voto que não apoie Joe Biden é mais um passo para uma futura nova presidência de Trump", disse recentemente, em declarações ao jornal The New York Times, a governadora democrata do Michigan, Gretchen Whitmer, que pertence à direção de campanha da recandidatura do Presidente.
Há duas semanas, Biden viu-se obrigado a enviar uma equipa de conselheiros da sua campanha até Dearborn, uma outra cidade do Michigan com uma importante comunidade árabe, que não esconde o desconforto com as posições da Casa Branca a favor de Israel.
Do lado republicano, Trump sabe que não terá dificuldade em bater a sua única adversária ainda no terreno, a ex-embaixadora Nikke Haley, e já pensa apenas em provocar danos na candidatura democrata, aproveitando-se das primárias no Michigan para se afirmar como alternativa a Biden, incluindo em política externa.
Trump tem transmitido mensagens ambíguas sobre o conflito no Médio Oriente, mostrando-se solidário com Israel, mas garantido que lidaria com a guerra em Gaza de forma muito diferente da adotada por Biden.
O ex-Presidente republicano defende que a Casa Branca devia estar a ser mais dura com os movimentos apoiados pelo Irão, em particular o Hezbollah libanês, e critica Biden por não conseguir exercer a sua influência no Médio Oriente, acusando-o de ser um "líder que ninguém respeita".
Na campanha para as primárias do Michigan, contudo, Trump tem preferido atacar Biden nas matérias de migração, insistindo na sua tese de que a atual presidência não consegue travar o problema dos imigrantes ilegais, e nas questões económicas, acusando o Presidente em exercício por manter elevadas taxas fiscais.
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