Biden recua sobre cessar-fogo em Gaza. "Não acontecerá" até segunda

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que disse esta semana esperar um cessar-fogo em Gaza até segunda-feira, recuou hoje na sua afirmação, admitindo que esta interrupção das hostilidades "provavelmente não acontecerá" até essa data.

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© Kevin Dietsch/Getty Images

Lusa
29/02/2024 16:40 ‧ 29/02/2024 por Lusa

Mundo

Faixa de Gaza

Os EUA estão também a analisar "versões contraditórias" do que aconteceu hoje, quando mais de 100 pessoas morreram e pelo menos 760 pessoas ficaram feridas, segundo as autoridades locais, durante uma distribuição de ajuda humanitária em Gaza.

"Estamos a verificar isso neste momento. Há duas versões contraditórias do que aconteceu. Ainda não tenho uma resposta", afirmou Biden, à imprensa, ao sair da Casa Branca para uma viagem à fronteira com o México.

Questionado sobre se achava que este acontecimento teria impacto nas negociações para o cessar-fogo, Joe Biden respondeu: "Sei que terá".

Mais de uma centena de palestinianos foram mortos na cidade de Gaza durante uma distribuição de ajuda humanitária que se transformou num caos, segundo o movimento islamita Hamas, que acusou os soldados israelitas de terem aberto fogo contra uma multidão esfomeada.

Fontes israelitas confirmaram que os soldados, ao sentirem-se "ameaçados", dispararam munições reais, mas negaram que isso tenha sido responsável pelo número de mortos, indicando que muitas pessoas ficaram feridas por causa de "empurrões e atropelamentos" quando a multidão tentava pilhar os camiões que transportavam a ajuda humanitária.

Na terça-feira, o Presidente norte-americano tinha manifestado esperança de que fosse alcançado um cessar-fogo em Gaza "até à próxima segunda-feira", enquanto prosseguem as negociações para um acordo que inclua a libertação dos reféns detidos pelo Hamas.

Os países mediadores, Qatar, Egito e Estados Unidos, estão a tentar negociar um compromisso com Israel e o Hamas tendo em vista uma trégua.

Segundo uma fonte do movimento islamita palestiniano, as discussões centram-se na primeira fase de um plano elaborado em janeiro pelos mediadores, que prevê uma trégua de seis semanas associada à libertação dos reféns detidos pelo Hamas e dos prisioneiros palestinianos detidos por Israel, bem como a entrada em Gaza de uma grande quantidade de ajuda humanitária.

Mas Israel exige a libertação de todos os reféns durante este intervalo e alertou que uma trégua não significaria o fim da guerra.

O Hamas, por seu lado, exige um cessar-fogo total, a retirada das tropas israelitas da Faixa de Gaza e o levantamento do bloqueio imposto por Israel desde 2007.

A guerra eclodiu em 07 de outubro, quando comandos do Hamas infiltrados a partir de Gaza lançaram um ataque sem precedentes contra o sul de Israel, que resultou na morte de pelo menos 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP produzida a partir de dados oficiais israelitas.

Durante o ataque, cerca de 250 pessoas foram sequestradas e levadas para Gaza. Segundo Israel, 130 reféns ainda estão detidos no enclave, 31 dos quais se acredita terem morrido.

Em retaliação, Israel prometeu aniquilar o Hamas, que considera, juntamente com os Estados Unidos e a União Europeia, uma organização terrorista.

Desde o início da guerra, Israel e o Hamas só chegaram a um acordo para uma trégua de uma semana, no final de novembro, que permitiu a libertação de 105 reféns em troca de 240 prisioneiros palestinianos.

A ofensiva israelita causou até agora mais de 30.000 mortos em Gaza, a grande maioria deles civis, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que contabilizou hoje 90 mortos em 24 horas.

Leia Também: EUA propõem cessar-fogo temporário em Gaza e opõem-se a ataque em Rafah

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