A interferência russa nos sinais de GPS ao longo das fronteiras da NATO com a Rússia – muitas vezes concentrada em locais estratégicos sensíveis – pretende criar uma "sensação de desamparo" nas sociedades ocidentais, revelaram as autoridades.
Além disso, a tendência tem alarmado os governos ocidentais, as autoridades de transportes e os militares nos últimos dois anos, à medida que Moscovo avança a guerra contra a Ucrânia e entra cada vez mais em confronto com a NATO.
"Esta prática russa afetou, e provavelmente continuará a afetar, negativamente a avião civil na região", referiu um porta-voz do Ministério da Defesa da Lituânia à revista Newsweek, sugerindo que a situação permanecerá a longo prazo.
Um funcionário do Ministério da Defesa polaco acrescentou ainda: "Deve ser lembrado que a guerra na nossa fronteira oriental mudou radicalmente o sistema de segurança internacional, também na infosfera, onde os elementos da influência híbrida da Rússia são mais visíveis".
"Criar uma atmosfera de ameaça e um sentimento de desamparo na sociedade é, sem dúvida, um dos objetivos que a Rússia persegue", afirmou.
A Rússia tem interferido nos Sistemas Globais de Navegação por Satélite (GNSS), dos quais o GPS é vital, usado pelas autoridades de transporte, pela indústria e por centenas de milhões de pessoas diariamente. Os ataques podem interromper totalmente os sinais ou fazer com que os utilizadores – entre eles aviões civis – pareçam estar no lugar errado.
Os militares também utilizam a interferência GNSS como medida defensiva, empregando plataformas de guerra eletrónica para bloquear e falsificar sinais em locais sensíveis para perturbar a recolha de informações e sistemas de navegação de armas como mísseis e drones. Tanto as cidades russas próximas da Ucrânia como as cidades israelitas ao alcance da Faixa de Gaza, por exemplo, sofrem regularmente interferências de GPS.
"Parte dela é usada para proteção das forças armadas. As forças armadas russas têm um amplo espectro de equipamento militar dedicado à interferência GNSS, incluindo interferência e falsificação, em distâncias, durações e intensidades variadas", frisou o oficial lituano, sobre a recente interferência na região do Báltico.
O funcionário do Ministério da Defesa da Lituânia acredita ainda que o enclave russo de Kaliningrado – o pequeno posto avançado estratégico russo que fica na costa do Mar Báltico – seja um centro essencial para o bloqueio do sinal face à sua importante localização militar russa.
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