O chefe de Estado francês explicou que "é necessário apoiar a Ucrânia 'custe o que custar'", de acordo com o coordenador do partido de extrema-esquerda França Insubmissa (LFI), Manuel Bompard, que manifestou a sua preocupação.
"O Presidente da República está pronto para um apoio ilimitado e aparentemente obstinado à Ucrânia" e "não há limites nem linhas vermelhas", frisou, por sua vez, Jordan Bardella, presidente do partido de extrema-direita União Nacional (RN).
Emmanuel Macron colocou a Ucrânia no centro do debate político nacional desde que afirmou, em 26 de fevereiro, que o envio de tropas terrestres para a Ucrânia não deveria "ser excluído", em nome de uma "ambiguidade estratégica" e que tudo seria feito para garantir que a Rússia de Vladimir Putin perca esta guerra.
Perante esta posição, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, realçou hoje que o Presidente francês "continua a aumentar o nível de envolvimento direto da França" no conflito na Ucrânia.
Num vídeo publicado no Telegram por um jornalista russo, Peskov sublinhou a natureza contraditória das declarações feitas em Paris sobre este assunto desde as primeiras observações de Emmanuel Macron em 26 de fevereiro.
Outros países europeus e os norte-americanos distanciaram-se até agora largamente da posição francesa, mas Emmanuel Macron, que na semana passada organizou uma conferência internacional de apoio militar à Ucrânia, considera necessário recuperar a iniciativa face aos russos.
Vinte e oito países estão a participaram esta tarde numa nova reunião, por videoconferência, de acompanhamento dedicada ao apoio à Ucrânia, organizada pela França com o objetivo de fazer mais para derrotar a Rússia.
Em França, os partidos da oposição, da esquerda à direita, rejeitam qualquer envio de tropas.
Muitos acreditam que o Presidente Macron enfraqueceu a posição francesa e fez o 'jogo' de Moscovo, ao expor as divisões europeias.
O chefe de Estado francês apelou a um debate no Parlamento, seguido de uma votação não vinculativa na terça-feira na Assembleia Nacional, e depois, na quarta-feira, no Senado, que se concentrará num acordo bilateral de segurança assinado em 16 de fevereiro entre Paris e Kyiv. As discussões prometem ser acaloradas.
O executivo francês, no entanto, assume a sua posição e considera este "um momento de verdade", evocando fissuras na unanimidade observada novamente no verão passado, no que diz respeito ao apoio a Kyiv.
Na mira do Governo está o RN, que lidera as sondagens para as eleições europeias de 09 de junho, com 28 a 30% das intenções de voto, a quem acusa de complacência face a Moscovo.
O primeiro-ministro Gabriel Attal estimou recentemente que havia motivos "para questionar se as tropas de Vladimir Putin [já não estão]" em França, visando especificamente Marine Le Pen, líder do RN no Parlamento, finalista nas eleições presidenciais de 2017 e 2022 e que se apresenta como "candidata natural" da sua fação para 2027.
O Ministro das Forças Armadas francês, Sébastien Lecornu, acusou "grande parte" do RN e do LFI de serem representantes da Rússia de Vladimir Putin.
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