"A iniciativa cipriota permitirá aumentar a ajuda humanitária (que entra) na Faixa de Gaza após um controlo de segurança correspondente às regras israelitas", afirmou Lior Haiat, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita, numa mensagem publicada na rede social X (antigo Twitter).

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tinha avançado hoje, em Chipre, que esperava que o corredor de ajuda fosse aberto no domingo, realizando-se hoje uma viagem-piloto.

As autoridades israelitas autorizam atualmente a passagem de ajuda humanitária através da entrada de Kerem Shalom, entre Gaza e Israel, após controlos exaustivos, numa média de cerca de 250 camiões por dia na última semana (anteriormente eram cerca de 100), o que é insuficiente para satisfazer as necessidades prementes do enclave palestiniano, sitiado há cinco meses pelas forças de Telavive.

"Israel vai continuar a facilitar a transferência de ajuda humanitária para os residentes da Faixa de Gaza, de acordo com as regras da guerra e em coordenação com os Estados Unidos e os nossos aliados em todo o mundo", acrescentou o porta-voz do ministério israelita, reiterando ainda que a luta contra o grupo islamita palestiniano Hamas, "a organização que apela à destruição do Estado de Israel e que levou a cabo o massacre de 07 de outubro", irá prosseguir "até que seja eliminado e todos os reféns sejam devolvidos".

Lior Haiat indicou ainda a importância de mais países se juntarem à "iniciativa cipriota e ao esforço internacional para transferir ajuda" para Gaza.

A declaração da diplomacia israelita foi publicada pouco depois de Ursula von der Leyen ter falado sobre a operacionalização do corredor marítimo, que tinha sido anunciado pelos Estados Unidos no âmbito do chamado "mecanismo Amaltea".

A intenção de criar um corredor humanitário por via marítima foi anunciada na quinta-feira pelo Presidente norte-americano, Joe Biden, pouco antes do seu discurso sobre o Estado da União, uma iniciativa apoiada pelos outros parceiros internacionais de Washington.

As Nações Unidas e várias organizações não-governamentais denunciaram as fortes restrições impostas por Israel à entrega de ajuda humanitária a Gaza, mergulhada numa grave crise humanitária devido à ofensiva militar que dura desde outubro.

Em 07 de outubro de 2023, o movimento islamita palestiniano Hamas perpetrou um ataque sem precedentes em território israelita, causando a morte de pelo menos 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da agência France-Presse (AFP) baseada em dados oficiais israelitas, além de ter feito mais de duas centenas de reféns, dos quais cerca de 130 permanecem no enclave palestiniano.

Em represália, Israel prometeu aniquilar o Hamas, no poder em Gaza desde 2007 e que considera uma organização terrorista, tal como os Estados Unidos e a União Europeia.

Em cinco meses, a guerra na Faixa de Gaza fez mais de 30.700 mortos, na maioria civis, além de pelo menos 72.150 feridos e cerca de 7.000 desaparecidos que estarão presumivelmente soterrados nos escombros, segundo o mais recente balanço do Ministério Saúde local.

A população do território palestiniano enfrenta uma crise humanitária sem precedentes, entre a destruição generalizada das habitações, o colapso dos hospitais, o surgimento de epidemias e a escassez de água potável e comida, o que já causou a morte de pelo menos 18 menores por subnutrição.

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