"A nossa prioridade 'número um', antes de qualquer acordo sobre uma troca de prisioneiros, é a garantia total do fim da agressão (...) e da retirada do inimigo" da Faixa de Gaza, "e não haverá qualquer cedência em relação a isso", declarou Abu Obeida, porta-voz das brigadas al-Qassam, o braço armado do Hamas, num discurso transmitido pela televisão.
O Hamas exige também o regresso às suas casas de centenas de milhares de civis deslocados pela guerra em curso há cinco meses e o início da reconstrução do território palestiniano.
Por seu lado, Israel exige que o Hamas forneça uma lista precisa dos reféns ainda vivos em cativeiro em Gaza, mas o movimento islamita disse ignorar quem, de entre eles, está "vivo ou morto".
Abu Obeida apelou igualmente aos palestinianos para "se mobilizarem" e "afluírem" durante o Ramadão, o mês sagrado de jejum muçulmano, à mesquita de al-Aqsa, em Jerusalém Oriental, onde se temem tensões neste período, após cinco meses de guerra em Gaza entre Israel e o movimento islamita palestiniano.
Os Estados Unidos, o Qatar e o Egito estão a tentar alcançar um acordo sobre uma pausa nos combates antes do Ramadão, que começa no início da próxima semana, mas as negociações realizadas esta semana no Cairo revelaram-se infrutíferas.
O Presidente norte-americano, Joe Biden, alertou esta semana para uma situação "muito perigosa" em Israel e, em particular, em Jerusalém, se os combates prosseguirem durante o Ramadão.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada a 07 de outubro do ano passado por um ataque de proporções sem precedentes realizado por combatentes do Hamas -- desde 2007 no poder naquele enclave palestiniano -, que se infiltraram no sul de Israel, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que hoje entrou no 154.º dia, continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente e fez até agora na Faixa de Gaza 30.878 mortos, pelo menos 72.298 feridos e cerca de 7.000 desaparecidos presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais.
Cerca de 250 pessoas foram sequestradas e levadas para Gaza a 07 de outubro. Segundo Israel, 130 estão ainda em cativeiro, 31 das quais terão morrido, após a libertação de mais de uma centena de reféns em troca de 240 prisioneiros palestinianos durante um cessar-fogo de uma semana em novembro.
O conflito fez também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com toda a população afetada por níveis graves de fome que já está a fazer vítimas, segundo a ONU.
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