A solução de treino militar repetiria as atividades de formação dos países da NATO na Ucrânia antes da invasão russa, em fevereiro de 2022.
Além de treino militar conduzido por ocidentais, Kuleba apelou à transferência para o território ucraniano dos serviços de manutenção de armas e também da produção de equipamento militar, defendendo que esta operação criaria uma vantagem logística para o seu país.
Kuleba reuniu-se hoje na capital lituana, Vílnius, com os homólogos francês, Stéphane Séjourné, estoniano, Margus Tsahkna, letão, Krisjanis Karins, e lituano, Gabrielius Landsbergis, para discutir a ajuda à Ucrânia.
Este encontro seguiu-se a uma reunião de alto nível sobre assistência à Ucrânia, realizada em Paris no final de fevereiro e convocada pelo Presidente francês Emmanuel Macron.
Em conferência de imprensa com os restantes ministros dos Negócios Estrangeiros, Kuleba realçou também que é altura dos países europeus tomarem "decisões firmes" e perceberem que "a estratégia de enviar ajuda aos poucos para a Ucrânia acabou".
"Se as coisas continuarem assim, isso não vai acabar bem", alertou.
"Indecisão significa mais guerra e decisões firmes significam o fim da guerra. A era da paz na Europa acabou. Aqueles que não acreditam que a guerra se pode espalhar para a Europa deveriam ler a história e ouvir [o Presidente russo Vladimir] Putin", acrescentou.
Kuleba também criticou os países ocidentais por usarem o medo de uma escalada como argumento para impedir a ajuda militar à Ucrânia.
"O nosso problema é que temos pessoas que veem a guerra em termos de medo de uma escalada. É hora de acordar", sublinhou o chefe da diplomacia ucraniana, que lembrou que Putin não cumpriu nenhuma das suas ameaças de retaliação por mais ajuda ocidental à Ucrânia.
Séjourné sublinhou que a reunião de Paris mostrou que a Europa deve ser "totalmente soberana e dona do seu destino".
"Os europeus devem aumentar as capacidades da sua indústria de defesa, expandir a sua própria defesa e agir para aumentar a capacidade da Ucrânia de se defender", destacou o ministro dos Negócios Estrangeiros francês.
Já Tsahkna apontou que a Ucrânia está a lutar pelos outros países europeus: "A Rússia é uma ameaça, a Rússia continuará a ser uma ameaça, temos de reagir contra a Rússia, temos de fazer mais, temos de expandir, acelerar e cumprir o que já prometemos".
Landsbergis, por sua vez, indicou que devem ser "traçados limites à Rússia", para que Moscovo não os trace, enquanto Karins lembrou que os acontecimentos recentes minaram a ideia de que a Rússia é poderosa e invencível, observando que a Ucrânia está a derrotar a Marinha Russa no mar Negro sem ter grandes meios de combate próprios.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais.
Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.
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