O novo relatório da organização não-governamental (ONG) inclui testemunhos de norte-coreanos envolvidos no comércio transfronteiriço, refugiados com familiares na Coreia do Norte, antigos funcionários em fuga e ativistas com contactos no interior do país e na China.
Uma refugiada relata no novo relatório como um familiar seu na Coreia do Norte "tem medo de sair [do país] devido à criação de um tal ambiente social, um sentimento de terror muito mais intenso do que uma bala ou uma vedação de arame".
A par do fecho da fronteira com a China, o contexto pandémico intensificou os limites à comunicação do país com o exterior e o acesso à informação, paralelamente aumentando medidas de "controlo ideológico".
O relatório enumerou as três leis ideológicas aprovadas desde 2020, que proíbem conteúdos estrangeiros ou a utilização de expressões idiomáticas estrangeiras e como algumas pessoas que violaram estas disposições foram executadas.
Lina Yoon, investigadora da HRW, defendeu que "o líder norte-coreano deve pôr fim às políticas que praticamente transformaram a Coreia do Norte numa enorme prisão".
A comunidade internacional, adiantou, deve "pressionar" Kim Jong-un para que acabe com os abusos "sistemáticos" e inicie um diálogo para "reabrir o país ao mundo exterior".
Em causa estão os efeitos colaterais do aprofundamento do isolamento decidido pelo regime de Kim Jong-un sobre o já "martirizado" povo daquele país asiático, após o fecho da fronteira da China, um elo fundamental com o mundo exterior, incluindo a nível de produtos alimentares, que passavam pela sua fronteira, tanto formal como informalmente.
Entre esses eventuais efeitos estão consequências económicas e também sanitárias, por se desconhecer o nível de propagação de doenças como a tuberculose e o resultado da ausência total de vacinação infantil relatada pela UNICEF.
O encerramento desta fronteira em 2020, aliado aos "efeitos indesejáveis" das sanções impostas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas "aumentaram as dificuldades" da população norte-coreana, segundo a investigadora Lina Yoon.
O relatório incluiu a recolha de testemunhos e documentação, como fotografias de satélite ou a partir da China e indicou que Pyongyang chegou ao ponto de autorizar as forças especiais do exército (pokpung gundan) a disparar sobre qualquer pessoa ou animal que se aproximasse da fronteira.
Muitas famílias dependem da fronteira com a China, onde funciona uma atividade informal desde a década de 1990, para obter dinheiro ou alimentos, indicou a HRW, que notou como zonas fronteiriças passaram a ter "duas ou mesmo três filas de cercas, enquanto as instalações para funcionários aumentaram 20 vezes desde 2019", de 325 para 6820, ou seja uma a cada 110 metros.
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