Desde o escalar do conflito entre Israel e o Hamas, a 7 de outubro de 2023, que o antissemitismo tem crescido um pouco por todo o mundo. Em Antuérpia, na Bélgica, uma mulher que sobreviveu ao Holocausto revelou conhecer quem tenha malas preparadas para fugir, num momento em que a população de origem judaica se sente "parte do conflito", mesmo estando longe.
"Em Antuérpia, os judeus dão muito mais nas vistas com os seus casacos pretos e chapéus grandes. Passam grupos de rapazes e tentam atirar os chapéus para o chão, ou quando andam de bicicleta, tentam empurrá-los. Sentimos mesmo isto, que é muito, muito pior do que era antes", contou Regina Sluszny, de 84 anos, em declarações à Sky News.
A idosa salientou que alguns têm tanto medo, que até já têm malas preparadas para fugir, caso venha a ser necessário.
"As pessoas que têm familiares que não voltaram de Auschwitz estão muito assustadas. Acham que vai começar de novo", lamentou.
Por seu turno, o rabino Chaim Parnas, que apoia 700 famílias na sua sinagoga, sublinhou que a presença das autoridades aumentou desde o dia 7 de outubro, mas que muitas famílias já questionaram se podem remover a mezuzá tradicional das suas portas.
"Não sei porque é que tenho de ter medo de andar pelo corredor da universidade e alguém gritar ‘Judeu sujo’. Mas por alguma razão isso é legítimo, por ser judeu. Tornei-me parte do conflito e sou um alvo para aqueles que são anti-Israel", lamentou.
Um adolescente contou ainda ter sido perseguido e ameaçado de morte por ser judeu, pelo que, agora, tapa o seu quipá para evitar chamar à atenção.
Dezenas de sepulturas judaicas foram profanadas no cemitério de Charleroi, no sul da Bélgica, em novembro, e cada vez mais se nega o Holocausto, de acordo com o grupo de direitos humanos Centro Interfederal para Igualdade de Oportunidades e Oposição ao Racismo (UNIA).
Depois do ataque surpresa do Hamas contra o território israelita, sob o nome 'Tempestade al-Aqsa', Israel bombardeou a partir do ar várias instalações daquele grupo armado na Faixa de Gaza, numa operação que denominou 'Espadas de Ferro'.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel está "em guerra" com o Hamas, grupo considerado terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE), tendo acordado com a oposição a criação de um governo de emergência nacional e de um gabinete de guerra.
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