A UE declarou-se hoje "profundamente preocupada" com "o processo irregular" que está a impedir a oposição da Venezuela de se candidatar à Presidência da República e com as detenções que estão a ocorrer no país.
"A União Europeia está profundamente preocupada e lamenta o processo irregular e opaco que impediu alguns partidos de registar os seus candidatos presidenciais. Todos os direitos políticos e civis, incluindo o direito a participar em eleições verdadeiras, devem ser respeitados", defendeu o porta-voz da Comissão Europeia para a Política Externa, Peter Stano.
O porta-voz acrescentou que a UE "apoia os esforços e o empenho democrático das forças democráticas da Venezuela e da sociedade civil" e instou as autoridades do país a protegerem os direitos civis e políticos do povo venezuelano, para que possa candidatar-se e votar num processo eleitoral competitivo, inclusivo e transparente.
A maior plataforma da oposição tentou registar como sua candidata presidencial a historiadora Corina Yoris, depois de ter sido confirmada a polémica desqualificação de María Corina Machado, vencedora de primárias realizadas no ano passado, que ficou impossibilitada de concorrer a cargos públicos até 2036.
Mas a oposição denunciou que as autoridades eleitorais impediram também o registo de Corina Yoris, uma académica de 80 anos que, até agora, nunca tinha estado envolvida na política e não tem qualquer tipo de problemas com a justiça.
A Casa Branca também se disse "muito preocupada" com a decisão na Venezuela de "impedir o registo da candidatura" da representante da oposição, Corina Yoris, declarou hoje a porta-voz da Presidência norte-americana, Karine Jean-Pierre.
"É muito importante que o regime [do Presidente] Nicolás Maduro reconheça e respeite o direito de todos os candidatos a concorrerem" às eleições presidenciais de julho, acrescentou.
No escrutínio de 28 de julho, Maduro concorre ao terceiro mandato consecutivo de seis anos no poder.
Além dos impedimentos à inscrição de candidatos da oposição ao atual chefe de Estado, o partido Vem Venezuela (VV), liderado por María Corina Machado, denunciou no sábado que se desconhece o paradeiro de Emill Brandt, Henry Alviárez e Dignora Hernández, três dos sete membros do partido que foram detidos nos últimos dois meses, acusados pelo Ministério Público de alegadas ligações a conspirações violentas.
Em reação a esta denúncia, a UE exortou hoje as autoridades venezuelanas a garantirem a "proteção e segurança dos detidos em todos os momentos".
Por seu lado, o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, apelou hoje não só à população local, mas também à comunidade internacional para "estar vigilante" em relação ao rumo "desesperado, violento e antidemocrático" de um setor da oposição ao Presidente, Nicolás Maduro.
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