Conflito em Gaza causou prejuízos de 18,5 mil milhões de dólares

A ofensiva israelita na Faixa de Gaza provocou entre 07 de outubro e final de janeiro prejuízos em infraestruturas críticas estimados em 18,5 mil milhões de dólares (17,1 mil milhões de euros), segundo um relatório hoje divulgado.

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© REUTERS/Mohammed Salem

Lusa
02/04/2024 18:38 ‧ 02/04/2024 por Lusa

Mundo

Relatório

Este valor, apurado num estudo conjunto do Banco Mundial (BM), ONU e União Europeia (UE), é a primeira estimativa dos efeitos dos bombardeamentos e combates terrestres levados a cabo nos primeiros três meses e meio de guerra no território palestiniano.

De acordo com o documento, o montante estimado corresponde a 97% do PIB de todos os territórios palestinianos ocupados.

A destruição de habitações representa a maior parte das infraestruturas críticas destruídas (72%), à frente de equipamentos de saúde, educação, água e eletricidade (19%), sendo a restante relativa a estabelecimentos comerciais e industriais.

Mais de um milhão de pessoas ficaram sem abrigo, dos 2,2 milhões de habitantes da Faixa de Gaza antes do início do conflito, o dobro da estimativa anterior, publicada em meados de dezembro.

E mais de metade da população passou a enfrentar a ameaça da fome, enquanto a totalidade ficou subnutrida ou em situação de insegurança alimentar.

Quanto aos equipamentos de saúde, 84% foram destruídos ou danificados, contra 60% no final de 2023, e os que ainda funcionam quase não têm água nem eletricidade para tratar doentes ou feridos.

O sistema de água corrente e de saneamento funcionava apenas com 5% da sua capacidade desde o início de outubro e o sistema educativo de Gaza entrou em colapso total, com todas as crianças do território fora da escola.

Embora metade da rede rodoviária tenha sido destruída em meados de dezembro, o valor subiu agora para 92% da rede rodoviária primária, enquanto a rede de telecomunicações está "seriamente afetada".

O relatório também identifica as ações prioritárias para iniciar a reconstrução, começando com o aumento da ajuda humanitária e da produção de alimentos, o fornecimento de abrigos em grande escala e a retoma de serviços essenciais.

A guerra foi desencadeada pelo ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano Hamas em Israel, em 07 de outubro, que deixou pelo menos 1.163 mortos, principalmente civis.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que depois se estendeu ao sul, estando agora iminente uma ofensiva à cidade meridional de Rafah, onde se concentra mais de um milhão de deslocados.

A guerra entre Israel e o Hamas fez até agora na Faixa de Gaza pelo menos 32.916 mortos, mais de 74.000 feridos e cerca de 7.000 desaparecidos presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais.

O conflito fez também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que já está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

Leia Também: ONU condena ataque que matou trabalhadores humanitários e pedem proteção

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