"O secretário-geral da ONU, António Guterres, apresenta as suas condolências ao pessoal da World Central Kitchen após a morte dos seus funcionários em Gaza que se encontravam numa missão humanitária", disse Stéphane Dujarric numa conferência de imprensa em Nova Iorque.
"A multiplicidade de tais acontecimentos é o resultado inevitável da forma como esta guerra está a ser conduzida", frisou, reafirmando, mais uma vez, a necessidade de um cessar-fogo humanitário imediato.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, admitiu hoje que o exército israelita matou "sem querer" sete trabalhadores humanitários da organização WCK e disse que o incidente será alvo de uma investigação exaustiva.
A instituição, criada pelo 'chef' espanhol José Andrés, é uma das duas organizações não-governamentais (ONG) ativamente envolvidas na entrega de ajuda a Gaza por via marítima a partir de Chipre.
Dujarric indicou aos jornalistas que os trabalhadores da WCK vítimas do bombardeamento israelita haviam estado reunidos pouco antes com uma alta funcionária da ONU, a coordenadora para a Reconstrução de Gaza, Sigrid Kaag, que "está consternada com este ataque".
O porta-voz afirmou que a morte destes sete trabalhadores humanitários, de diferentes nacionalidades, é um exemplo "dos desafios mortais" que este pessoal enfrenta "todos os dias em Gaza, sejam internacionais ou mais frequentemente palestinianos".
A partir de Genebra, o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, condenou o ataque em Gaza que causou a morte dos trabalhadores da WCK e apelou a uma investigação.
"Como outros trabalhadores humanitários, eles estavam a salvar vidas. Este ataque deve ser investigado de forma independente e completa. A responsabilização é essencial. Israel deve respeitar e proteger todos os trabalhadores humanitários", enfatizou Turk, na rede social X.
Por seu lado, o subsecretário-geral para os Assuntos Humanitários da ONU, Martin Griffiths, descreveu os trabalhadores humanitários como "heróis mortos" enquanto tentavam alimentar pessoas famintas.
Para Griffiths, "as ações dos que estão por detrás disto são indefensáveis".
"Isto tem de parar", sublinhou.
De acordo com Dujarric, pelo menos 196 trabalhadores humanitários foram mortos desde outubro nos Territórios Palestinianos Ocupados, neste que considerou "um dos locais de trabalho mais perigosos e difíceis do mundo".
A WCK descreveu que um dos seus veículos foi atacado pelo exército israelita ao passar por Deir al Balah, no centro da Faixa de Gaza, depois de sair de um armazém onde tinham descarregado 100 toneladas de alimentos, num movimento coordenado com as autoridades israelitas.
O ataque contra os trabalhadores humanitários já foi condenado pela União Europeia e por vários países, incluindo Reino Unido, Espanha e Bélgica, que exigiram explicações a Israel pela morte de sete trabalhadores da organização humanitária.
Os Estados Unidos pediram a Telavive uma "investigação rápida, completa e imparcial".
Desde o início da guerra entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas, em 07 de outubro de 2023, a WCK tem participado nos esforços de socorro e no fornecimento de refeições aos residentes de Gaza.
A WCK, com sede nos Estados Unidos, foi fundada durante a grave crise humanitária que afetou o Haiti depois do violento tremor de terra, em 2010.
[Notícia atualizada às 20h01]
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