"Estão a tentar impor-nos que o ato terrorista não foi cometido pelo regime de Kyiv, mas sim por apoiantes da ideologia islâmica radical, talvez membros do ramo afegão do EI", afirmou Nikolai Patrushev, numa reunião dos Conselhos de Segurança da Organização de Cooperação de Xangai, realizada em Astana, capital do Cazaquistão.
Nesta reunião da estrutura económica e de segurança regional de nove países, que também inclui a China, a Índia e o Irão, Patrushev sublinhou ser "muito mais importante determinar rapidamente quem é o cliente e o patrocinador deste crime monstruoso".
"Os seus vestígios conduzem aos serviços especiais ucranianos. Mas toda a gente sabe que o regime de Kyiv não é independente e é completamente controlado pelos Estados Unidos", defendeu o representante russo.
Desde 22 de março quando ocorreu o mais mortífero ataque em solo russo em duas décadas, que as autoridades russas, incluindo o Presidente Vladimir Putin, têm afirmado repetidamente, sem apresentar provas, que a ação terrorista foi organizada pela Ucrânia, que luta contra a invasão russa há mais de dois anos.
Um ramo do grupo Estado Islâmico reivindicou a autoria pelo ataque que visou a sala de concertos Crocus City Hall, nos arredores de Moscovo, enquanto Kyiv tem negado sistematicamente o seu envolvimento.
Até ao momento, já foram detidas 15 pessoas relacionadas com o atentado, quatro pela sua participação direta no tiroteio e explosões que ocorreram na sala de concertos.
Estes quatro suspeitos foram capturados no dia seguinte ao ataque na região de Bryansk, que faz fronteira com a Ucrânia.
O número de vítimas mortais confirmado pelo Ministério das Emergências da Rússia apontava até à data para 144, mas a Provedora dos Direitos da Criança, Maria Lvova-Belova, informou hoje que uma criança ferida no ataque terrorista não resistiu aos ferimentos e morreu, elevando o balanço global de mortos para 145.
O ataque ocorreu duas semanas depois de a embaixada dos Estados Unidos na Rússia ter emitido um aviso de que estava a monitorizar relatos de planeamento de ataques terroristas contra alvos públicos.
O Departamento de Estado norte-americano afirmou que essas informações foram transmitidas às autoridades russas.
O porta-voz do Kremlin (presidência russa), Dmitri Peskov, escusou-se a comentar informações que foram publicadas pelo jornal The Washington Post, com base em fontes anónimas da administração dos Estados Unidos da América (EUA), segundo as quais as autoridades norte-americanas teriam identificado especificamente a sala de concertos Crocus City Hall como um alvo potencial.
Peskov referiu ser um assunto da competência dos serviços de segurança.
Já a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, desmentiu hoje as informações avançadas pelo jornal The Washington Post e quando questionada sobre o assunto respondeu: "Gostaria de pedir que nos apresentem factos concretos sobre esse assunto".
Em conferência de imprensa, Maria Zakharova assinalou que Moscovo está habituado a declarações de Washington "que de seguida são desmentidas pelos próprios", insistindo que a parte norte-americana deve revelar "quando e a quem transmitiram a informação" sobre os planos dos terroristas.
Também hoje, o gabinete do Procurador-Geral russo enviou pedidos de informação aos EUA, Alemanha, França e Chipre sobre o potencial envolvimento dos países ocidentais em ataques terroristas contra a Rússia, informou a agência noticiosa estatal TASS.
Leia Também: EUA avisaram sobre ataque? Rússia desmente: "Apresentem factos concretos"