A diretora associada da HRW para a Europa e a Ásia Central, Tania Lokshina, emitiu um apelo às autoridades russas para porem fim à elaboração de "perfis étnicos" dos migrantes procedentes da Ásia Central, bem como às "prisões arbitrárias e detenções prolongadas", depois do ataque terrorista que fez 144 mortos a 22 de março numa sala de concertos na periferia da capital russa.
Em vez disso, a responsável defendeu que o Governo da Rússia deveria centrar os seus esforços em garantir a segurança dos migrantes, investigar exaustivamente todo este tipo de "incidentes xenófobos" e fazer com que os responsáveis prestem contas na justiça, segundo um comunicado hoje divulgado pela ONG de defesa dos direitos humanos.
"As autoridades russas devem responder prontamente a todas as denúncias de violência xenófoba contra os centro-asiáticos, abordar o problema mais amplo da crescente xenofobia e assegurar a existência de um ambiente de trabalho para os trabalhadores migrantes do Tajiquistão e de outros países", acrescentou a representante da HRW.
Estes apelos da Human Rights Watch surgem depois de vários meios de comunicação social - na maioria opositores ao Kremlin (sede da Presidência russa) - terem noticiado casos de despedimentos injustos, intimidação física e verbal e violência xenófoba contra migrantes, especialmente do Tajiquistão.
Cidadãos tajiques na Rússia relataram a hostilidade que enfrentaram nas últimas semanas, admitindo, em alguns casos, que chegaram a esconder a sua verdadeira origem para evitar tais episódios. De acordo com a HRW, as organizações de defesa dos direitos humanos indicaram estar a tratar de numerosos casos desse tipo.
A 22 de março, vários homens armados envergando equipamento de combate entraram na sala de espetáculos Crocus City Hall, num subúrbio moscovita, e abriram fogo sobre o público que aguardava o início de um concerto, antes de incendiarem o local.
O atentado, que fez pelo menos 144 mortos e 180 feridos, segundo o mais recente balanço das autoridades russas, foi reivindicado pelo ramo afegão do grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI), o Estado Islâmico no Khorassan (EI-K), mas o Kremlin insiste na existência de alguma ligação à Ucrânia, que nega qualquer tipo de relação com o ataque.
As autoridades russas detiveram os alegados autores e outros tantos presumíveis cúmplices, grande parte deles de origem tajique.
O Ministério do Trabalho do Tajiquistão confirmou já uma onda de saídas de cidadãos tajiques residentes na Rússia desde o atentado no Crocus City Hall.
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