Equador. Governo sabia do risco de fuga do ex-vice-presidente Glas

O Governo do Equador garantiu no sábado que sabia do risco de fuga iminente do antigo vice-presidente Jorge Glas, razão pela qual ordenou a invasão da embaixada do México em Quito para o levar para uma prisão.

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Lusa
07/04/2024 06:27 ‧ 07/04/2024 por Lusa

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A explicação foi dada pela ministra equatoriana dos Negócios Estrangeiros, Gabriela Sommerfeld, numa declaração à imprensa, na qual insistiu que o Governo tinha esgotado o diálogo com o executivo mexicano antes de ordenar a invasão policial da embaixada do México em Quito.

Em causa está a invasão pela polícia do Equador, na sexta-feira, da embaixada mexicana em Quito, onde estava refugiado Jorge Glas, horas depois de o México ter concedido asilo político ao antigo vice-presidente equatoriano.

Sabia-se que havia "um risco real de fuga iminente do cidadão perseguido pela justiça", pelo que as forças de segurança equatorianas atuaram para cumprir uma ordem judicial de captura de Glas num caso de desvio de fundos, acrescentou a ministra dos Negócios Estrangeiros, que não aceitou perguntas da imprensa.

A ministra sublinhou que "nenhum criminoso pode ser considerado perseguido político" e recordou que Glas tinha também duas condenações definitivas por outros casos de corrupção.

O Governo do Equador "esgotou o diálogo diplomático com o México relativamente" ao ex-vice-presidente Jorge Glas, que, por sua vez, negou as acusações e disse ser vítima de uma perseguição política e judicial por ser 'correísta', referindo-se ao facto de ter sido vice-presidente no Governo do presidente progressista Rafael Correa (2007-2017).

Gabriela Sommerfeld recordou que Glas era hóspede na embaixada diplomática mexicana em Quito desde 17 de dezembro, precisamente quando o Ministério Público emitiu um mandado de localização e detenção por um caso de desvio de fundos públicos no processo de reconstrução da província costeira de Manabí, devastada por um forte terramoto em abril de 2016.

Recordou ainda que o ex-vice-presidente tinha duas condenações definitivas pelos crimes de associação ilícita (relacionada com o esquema de subornos da construtora brasileira Odebrecht) e de suborno (pelo financiamento ilegal do seu movimento político).

Segundo Sommerfeld, a embaixada mexicana em Quito, ao recebê-lo como hóspede, "contribuiu" para que Glas não cumprisse a ordem de comparecer semanalmente perante um tribunal, o que, segundo ela, viola claramente o princípio de não-intervenção nos assuntos internos de outros Estados.

Da mesma forma, disse que em diversas ocasiões o Governo do Equador informou a embaixada do México sobre a sua rejeição à concessão do direito de asilo diplomático a Glas, por se tratar de uma pessoa julgada por crimes comuns em tribunais ordinários

O Equador justifica as suas ações de acordo com as regulamentações internacionais, especialmente as convenções sobre asilo e luta contra a corrupção, acrescentou a ministra.

A Presidente das Honduras, Xiomara Castro, que atualmente preside à Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC),convocou no sábado a 'troika' do organismo para discutir a invasão da embaixada do México no Equador.

"Dada a evidente violação da Convenção Americana sobre Asilo e da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas pelo Governo do Equador, ao tomar à força a embaixada do México em Quito, convoco urgentemente a 'troika' da CELAC para segunda-feira, 08 de abril", disse a presidente das Honduras, numa mensagem publicada no sábado na rede social X.

Leia Também: António Guterres alarmado com invasão da embaixada mexicana em Quito

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