"Estes ataques sem sentido contra civis vulneráveis, que já foram forçados a fugir das suas casas devido ao conflito e à violência em curso na região, são absolutamente deploráveis e devem ser condenados nos termos mais veementes", afirmou o representante do ACNUR na RDCongo, Angele Dikongue-Atangana, num comunicado.
A agência deu o alarme sobre os múltiplos ataques a campos de deslocados na última semana em redor de Goma, a capital da província oriental de Kivu do Norte e uma cidade estratégica com mais de um milhão de habitantes, onde estão sediadas muitas ONG internacionais e instituições da ONU.
"O bombardeamento dos campos de deslocados prejudica a inviolabilidade dos espaços civis e humanitários destinados a dar abrigo e assistência às pessoas necessitadas. Trata-se de uma grave violação da obrigação de proteger os civis", sublinhou Dikongue-Atangana.
Pelo menos três pessoas foram mortas e dez ficaram feridas num desses ataques, na noite de domingo, disse a organização, apelando ao respeito pela "neutralidade" dos abrigos que albergam civis deslocados.
O Kivu do Norte é atualmente palco de uma escalada de combates do poderoso grupo rebelde Movimento 23 de março (M23), que foi reativado a 01 de outubro, após meses de relativa calma.
Desde então, a milícia avançou em várias frentes até cerca de vinte quilómetros de Goma, cidade que ocupou durante dez dias em 2012, antes de se retirar sob pressão da comunidade internacional.
Os insurrectos tomaram o controlo das estradas que ligam o resto do país à cidade, num combate que já deixou mais de um milhão de pessoas deslocadas internamente desde que o M23 voltou a pegar em armas em março de 2022, após anos de inatividade.
Desde 1998, o leste da RDCongo está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão de paz das Nações Unidas no país (Monusco).
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