A junta militar no poder no Níger confirmou a chegada de uma centena de "instrutores militares" da Rússia ao país, no âmbito de um acordo assinado pelos dois países para o reforço da cooperação em matéria de defesa e segurança e num contexto de relações mais fortes entre ambos os dois países, desde o golpe de Estado de julho de 2023, em que foi derrubado o então presidente eleito, Mohamed Bazoum.
"No âmbito do reforço das capacidades de defesa e de segurança e no quadro do acordo de cooperação militar com a Federação Russa, o Níger acaba de adquirir um sistema antiaéreo de última geração", afirmou a junta, acrescentando que estes aparelhos chegaram ao país "acompanhados de uma centena de instrutores militares russos".
A junta explicou, num comunicado publicado na sua conta na rede social X, que "a missão destes instrutores é instalar o sistema e assegurar a formação das forças armadas do Níger para a sua utilização otimizada".
As autoridades russas não fizeram qualquer comentário até ao momento sobre o assunto.
"Esta aquisição estratégica demonstra a firme vontade das mais altas autoridades de elevar as capacidades defensivas do país a um nível dissuasor, num contexto regional marcado pelo ressurgimento de ameaças assimétricas à segurança", adiantou a junta.
O envio do sistema e a chegada dos 100 instrutores russos "também fazem parte do reforço da parceria militar e técnica com a Rússia", um país que descreveu como "um aliado histórico do Níger em questões de paz e estabilidade".
De acordo com informações veiculadas pelo canal de televisão estatal do Níger, RTN, a instalação do sistema também faz parte dos esforços de Niamey em prosseguir "um novo caminho para diversificar os seus parceiros em vários domínios e para afirmar a sua soberania perante o mundo".
A informação da RTN, também divulgada pela junta militar através da sua conta na rede social X, refere que esta cooperação com Moscovo "é mutuamente benéfica" e diz que os instrutores militares russos são "membros do Ministério da Defesa russo".
Esta ajuda justifica-se ainda com o aumento dos ataques de grupos terroristas nos últimos anos.
O último desses ataques, realizado na segunda-feira, causou a morte de pelo menos seis militares, quando uma bomba explodiu no veículo em que se deslocava quando este passava perto de Tingara, na região de Tillabéri, perto da fronteira com o Mali e o Burkina Faso, segundo disse o exército nigerino na quinta-feira, adiantando que matou mais de 20 suspeitos de terrorismo num bombardeamento subsequente.
A junta militar do Níger - tal como as do Mali e do Burkina Faso - cortou os laços militares com a França e ordenou a saída dos seus militares do país, o que suscitou preocupações em Paris quanto à perda da sua influência tradicional nas suas antigas colónias nesta parte de África e à aproximação destes países à Rússia.
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