BBC confirma mais de 50.000 baixas russas mas admite número superior

A Rússia perdeu mais de 50.000 soldados nos dois anos de guerra contra a Ucrânia, segundo uma contagem verificada pela estação britânica BBC, que admitiu que o número poderá ser muito superior.

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Lusa
17/04/2024 13:10 ‧ 17/04/2024 por Lusa

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Ucrânia

"A nossa análise não inclui as mortes das milícias em Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia, ocupadas pelos russos. Se fossem adicionadas, o número de mortos do lado russo seria ainda maior", disse a BBC.

Os dados resultam de uma contabilização de mortes que tem estado a ser feita desde fevereiro de 2022 pela BBC Rússia, pelo grupo de comunicação independente Mediazona e por voluntários.

As equipas conseguiram nomes de muitos soldados em novas sepulturas nos cemitérios, informações de fonte aberta de relatórios oficiais, jornais e redes sociais.

"De acordo com os nossos resultados, mais de 27.300 soldados russos morreram no segundo ano de combate, o que reflete o facto de os ganhos territoriais terem tido um enorme custo humano", disse a BBC.

A Rússia recusou-se a comentar os resultados da investigação.

A Ucrânia raramente comenta a escala das suas mortes no campo de batalha.

Em fevereiro, o Presidente Volodymyr Zelensky afirmou que 31.000 soldados ucranianos tinham sido mortos, mas as estimativas, baseadas nos serviços secretos dos Estados Unidos, sugerem perdas maiores.

Voluntários que trabalham com a BBC e a Mediazona têm estado a contar novas sepulturas militares em 70 cemitérios da Rússia desde o início da guerra.

Imagens aéreas mostram que os cemitérios se expandiram significativamente, como o de Bogorodskoye em Ryazan, a sudeste de Moscovo, que tem uma secção nova.

As fotografias e os vídeos captados no terreno sugerem que a maioria destas novas sepulturas pertence a soldados e oficiais mortos na Ucrânia, disse a estação britânica.

O analista Samuel Cranny-Evans, do Royal United Services Institute (Rusi), disse que muitos militares profissionais experientes que combateram no início da invasão foram mortos e substituídos por pessoas com pouco treino militar, como voluntários, civis e prisioneiros.

Segundo a BBC, pelo menos dois em cada cinco combatentes russos mortos são pessoas que não tinham nada a ver com as forças armadas do país antes da invasão.

O recrutamento de presos em troca de perdão de penas foi usado pelo líder do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, a partir de junho de 2022 para substituir os mercenários mortos em combate na Ucrânia.

Prigozhin morreu num acidente aéreo em agosto de 2023, cerca de dois meses depois de ter liderado uma revolta contra as chefias militares russas, mas o Ministério da Defesa continuou a política de recrutamento de presos.

A BBC disse que analisou o nome de 9.000 presos russos que morreram na linha da frente, tendo confirmado as datas de início do contrato militar e da morte no caso de mais de 1.000 deles.

"Descobrimos que, sob a Wagner, esses antigos presos tinham sobrevivido, em média, três meses. (...) Os recrutados mais tarde pelo Ministério da Defesa só viveram, em média, dois meses", disse.

A diferença é atribuída à intensidade de treino dos presos, que integram pelotões que são lançados diretamente contra as defesas ucranianas.

Familiares de recrutas prisionais que morreram e soldados ainda vivos disseram à BBC que a formação militar oferecida pelo Ministério da Defesa é insuficiente.

Uma viúva contou que o marido assinou o contrato com o ministério na prisão em 08 de abril de 2023, e três dias depois estava a combater na linha da frente.

Depois de ter esperado por notícias do marido, descobriu que ele tinha sido morto em 21 de abril.

Leia Também: Zelensky lamenta vítimas de ataques russos por falta de ajuda militar

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