"Não existe uma solução militar viável para a crise atual e só um diálogo inclusivo, liderado e controlado pelos sudaneses, conduzirá a uma solução sustentável", declarou em comunicado o Conselho de Paz e Segurança (CPS) da UA, que se reuniu quinta-feira para discutir a situação no Sudão.
"Expressamos também a nossa profunda preocupação com a rápida deterioração da situação humanitária no Sudão, que levou o país à beira da fome, e apelamos a todos os parceiros e Estados-membros para que forneçam apoio humanitário ao povo do Sudão", acrescentou.
A CPS lembrou que 24,8 milhões de pessoas no Sudão, mais de metade da população, necessitam urgentemente de assistência humanitária, segundo as Nações Unidas.
Além disso, de acordo com a organização não-governamental Save The Children, 230 mil crianças, mulheres grávidas e novas mães poderão morrer de fome nos próximos meses, a menos que recebam assistência imediata.
Apesar deste cenário, o acordo que o Exército do país e as Forças Paramilitares de Apoio Rápido (FAR) assinaram em maio de 2023 para garantir o acesso humanitário aos civis "ainda não foi concretizado", impedindo que as populações mais vulneráveis obtenham acesso à ajuda de que necessitam, lamentou o CPS.
Além disso, observou que "os esforços incansáveis para encontrar uma solução negociada para a crise do Sudão revelaram-se até agora ineficazes".
Segundo o CPS, isto deve-se, além do interesse das partes em conflito em procurar uma solução militar, à "interferência externa" e às "iniciativas paralelas" de conversações de paz.
No comunicado apelam para que o processo de paz continue a ser liderado pela Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD), um bloco de oito países da África Oriental, e pela UA, incluindo "todas as partes interessadas".
A guerra no Sudão eclodiu em 15 de abril de 2023 devido à rebelião das FAR contra o Exército sudanês, no meio de um processo político para recolocar o país no caminho democrático após o golpe de Estado de 2021.
Cerca de 15 mil pessoas morreram e mais de dez milhões de pessoas tiveram de abandonar as suas casas e estão deslocadas internamente, enquanto dois milhões de pessoas fugiram para países vizinhos.
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