Ofensiva terrestre israelita em Rafah teria "consequências catastróficas"

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, insistiu hoje que "deve ser evitada uma ofensiva terrestre em Rafah", na Faixa de Gaza, advertindo Israel que "todos dizem" que tal resultaria em mais catástrofe humanitária para a população palestiniana.

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© FREDERICK FLORIN/AFP via Getty Images

Lusa
23/04/2024 15:39 ‧ 23/04/2024 por Lusa

Mundo

Josep Borrell

"Há mais de 1,3 milhões de pessoas nas ruas de Rafah, e o único abrigo que têm é um pedaço de plástico sobre as suas cabeças. As consequências humanitárias seriam catastróficas. Todos dizem isso: os Estados Unidos, a União Europeia, os Estados-membros, e insistimos no G7 e insistimos no Conselho de Negócios Estrangeiros. Esperemos bem que não aconteça", afirmou.

O Alto Representante da União Europeia (UE) para a Política Externa e de Segurança intervinha num debate no Parlamento Europeu, em Estrasburgo (França), sobre a "Resposta da UE ao assassínio repetido de trabalhadores da ajuda humanitária, jornalistas e civis pelas Forças de Defesa de Israel na Faixa de Gaza".

Lembrando as posições firmes que a UE a 27 tem adotado desde o início das hostilidades, há mais de seis meses, Borrell disse que os números mostram o drama que se vive na Faixa de Gaza: "mais de 34 mil pessoas mortas, na sua maioria civis, crianças e mulheres, o dobro de feridos e 75% da população deslocada, à beira da fome".

"A cidade de Gaza encontra-se mais destruída do que as cidades alemãs durante a II Guerra Mundial, imaginem só. Mais de 60% das infraestruturas físicas foram danificadas e 35% totalmente destruídas", prosseguiu, lamentando a seguir o número sem precedentes de trabalhadores humanitários e jornalistas também mortos em ataques israelitas.

"De acordo com a ONU, pelo menos 249 trabalhadores de ajuda humanitária foram mortos. Estou a falar de trabalhadores humanitários", enfatizou, apontando que este número inclui "181 funcionários da ONU, entre os quais 178 da UNWRA", a agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos.

Josep Borrell afirmou-se também "chocado" com o número de jornalistas e outros trabalhadores da comunicação social mortos em Gaza, que segundo os Repórteres Sem Fronteiras já atingiu a centena, e comentou que tal situação "não tem precedentes".

A terminar, o Alto Representante sintetizou aquelas que têm sido as posições defendidas pela União Europeia: "condenamos todas as atividades terroristas, mas queremos que a lei humanitária seja respeitadas, queremos que cessem as hostilidades, que entre apoio humanitário, que os reféns sejam libertados e que seja lançado um processo com vista a uma solução política para esta guerra dramática".

O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023.

Desde então, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que provocou perto de 34.000 mortos, na sua maioria civis, segundo o Hamas, que governa o pequeno enclave palestiniano desde 2007.

Leia Também: UE "condena veementemente" ataque do Irão a Israel

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