Os líderes destes dois Estados rivais do Cáucaso afirmam regularmente que querem um tratado de paz para resolver as suas diferenças, mas as conversações continuam a ser muito difíceis e lentas. Os incidentes armados que se registam regularmente recordam também a dimensão das tensões.
"Estamos mais perto do que nunca" de um acordo de paz, disse Aliev num encontro hoje com analistas, em que explicou que só falta acertar os "pormenores" e que havia "vontade política" para um acordo.
Nos últimos anos, os Estados Unidos, a União Europeia (UE) e a Rússia tentaram mediar entre Erevan e Baku, sem grande sucesso.
Ao aceitar uma proposta do Cazaquistão para acolher uma reunião dos chefes da diplomacia dos dois países num futuro próximo, Aliev minimizou a necessidade de supervisão estrangeira nas conversações com a Arménia.
"O que está a acontecer atualmente na nossa fronteira prova que quando somos deixados em paz [...] podemos chegar a um acordo mais cedo ou mais tarde", afirmou.
Pouco tempo antes, os ministérios do Interior dos dois países anunciaram que tinham começado importantes trabalhos de demarcação da sua fronteira comum.
Baku afirmou que grupos de peritos estão "a clarificar as coordenadas com base num levantamento geodésico do terreno".
Erevan, que confirmou que os trabalhos de demarcação da fronteira estavam em curso, excluiu "a transferência de qualquer parte do território soberano da Arménia".
No mês passado, o primeiro-ministro arménio, Nikol Pachinian, aceitou um pedido do Azerbaijão para devolver quatro aldeias fronteiriças confiscadas pelas forças de Erevan durante a guerra de 1990, obrigando os seus habitantes a fugir do Azerbaijão.
A decisão desencadeou manifestações numa região fronteiriça por parte de centenas de arménios, que receiam ficar isolados e que algumas das suas casas passem para o controlo de Baku.
Segunda-feira, bloquearam brevemente a estrada que liga a Arménia à Geórgia, que passa nas proximidades e é a principal ligação da população local ao mundo exterior. Tentaram também impedir os trabalhos de desminagem.
Hoje, eclodiram novos protestos em vários locais da Arménia, nomeadamente perto do lago Sevan e da cidade de Noyemberian.
Pachinian sublinhou a necessidade de resolver os diferendos fronteiriços para "evitar uma nova guerra" e descreveu os esforços de demarcação da fronteira como uma "mudança significativa no terreno", uma vez que os dois países rivais "têm agora uma fronteira em vez de uma linha de contacto, o que é um sinal de paz".
A Arménia e o Azerbaijão travaram duas guerras, a primeira na década de 1990, vencida pela Arménia e que custou mais de 30.000 vidas, e a segunda em 2020, vencida pelo Azerbaijão e que custou mais de 6.000 vidas.
Após a derrota arménia em 2020, Erevan foi forçada a ceder um território significativo em Nagorno-Karabakh e arredores, uma região que os arménios controlavam há cerca de 30 anos.
Em setembro de 2023, Baku lançou uma ofensiva relâmpago que forçou os separatistas arménios do Nagorno-Karabakh a capitular numa questão de dias e assumiu o controlo de todo o território.
A Rússia, que mantém um contingente de milhares de soldados de manutenção da paz no Nagorno-Karabakh desde 2020, começou a retirá-los na semana passada, uma vez que a sua presença se tornou obsoleta com a reconquista azeri.
Sábado, Pachinian, que está em conflito com Moscovo, anunciou que os guardas fronteiriços russos, presentes desde 1992, seriam substituídos por soldados arménios.
"Os guardas fronteiriços russos vão retirar-se da região e os guardas fronteiriços arménios e azeris vão cooperar no controlo da fronteira", declarou.
O Azerbaijão reivindica várias aldeias administradas pela Arménia e exige a criação de um corredor através da região arménia de Siounik (sul), a fim de ter uma ligação terrestre com o seu enclave de Nakhichevan e depois com a Turquia, sua aliada.
Erevan, por seu lado, exige o enclave de Artsvashen, situado em território azeri e controlado por Baku desde os anos 1990, bem como as zonas conquistadas pelo Azerbaijão nos últimos três anos que se encontram dentro das fronteiras da Arménia.
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